5. NÃO ACUMULEIS

Jesus Cristo prega, ensina, proclama da parte de Seu Pai o que é bom para nós, dizendo: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e onde ladrões os escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde nem traças nem ferrugem os corroem, e onde ladrões não os escavam nem roubam; porque onde está o vosso tesouro, aí está também o vosso coração” – Mt 6.19-21.

Visto que não vivemos no céu, mas na terra, entre outras pessoas, eu, quanto à minha pessoa chamada “crista” não deve preocupar-me com dinheiro nem acumulá-lo, mas prender-me exclusivamente a Deus em meu coração; exteriormente, entretanto, posso e devo usar os bens materiais para meu corpo e para ser diaconal junto às outras pessoas. No que tange a minha pessoa “secular”, devo e posso acumular dinheiro e fortuna, no entanto, não em demasia, para que não vire um avarento, que só cuida de si próprio egoisticamente e jamais pode ser satisfeito, em seu amor ao terrenal. Pois a pessoa secular precisa ter dinheiro, alimento e provisões para o seu país, seu povo ou outros que dele dependem. Se possível, dever-se-ia governar como o patriarca José no Egito, – Gn 47.14 –, com todos os silos e tulhas repletos de provisões, administrando o país de tal maneira que tivesse cobertas todas as suas necessidades, tendo condições com as quais se pudesse ajudar e emprestar as pessoas, distribuindo quando houvesse necessidade; este seria um tesouro estupendo e um uso correto e cristão dos bens materiais; pois o que uma autoridade secular acumula, ele não o acumula – espera-se, para si próprio, mas como pessoa pública, sim, como ‘pai / mãe comum do país’ inteiro. Afinal, não precisamos todos/as ser mendigos/as, mas cada qual deve prover-se com o suficiente para o seu sustento, sem ser um ônus para os/as outros/as semelhantes, inclusive, ajudando as outras pessoas, livre e liberto do coração avaro. Portanto, cada qual contribua para outra gente onde for necessário, com o que tem, pode, é possível, por amor. Ninguém precisa fazer o impossível com seus bens, mas, sim, antes, o possível, por fé e gratidão.

Certamente é louvável e altamente recomendável que cada cidade deve acumular o máximo possível para as necessidades comuns, e, adicionalmente, cada paróquia deveria ter uma caixa comunitária para os pobres; este não seria um acumulo iníquo de tesouros, mas cristão, pois não se trata de um tesouro destinado a satisfazer a ganância e o desejo avaro do velho Adão e da velha Eva, cuja praxe só é acumular dinheiro para entregar-se aos prazeres carnais ativo-contínuos autoindulgentes. Por isso mesmo quando ele e ela são solicitados a ajudar, servir, diaconar, no momento da necessidade, quando é preciso ajudar os outros / às outras, ‘não há ninguém em casa’, como reza o adágio popular. Contra esses ‘tesouros do diabo’ Cristo diz aqui que não se deve acumular fortuna sobre a terra, isto é, para si próprio e para seu próprio prazer carnal; que o coração não seja egoísta, apegando-se ao Mâmon temporal, mas busque e ajunte, sem avareza idólatra, outro tesouro no céu; exteriormente, porém, e na esfera secular você pode e deve ajuntar o quanto conseguir, honradamente e com Deus, não para seu próprio prazer e ganância, mas para suprir as necessidades dos outros, como um Cristo em favor da pessoa próxima no conjunto da criação. Quem acumula desse modo, há de receber a bênção e mais a indulgência, como cristão conformado com Cristo.

Por fim, certamente é verdade que nós, o quanto antes melhor, precisamos aprender a enfrentar, sem rodeios e meneios, o velho Adão e a velha Eva, infestados de avareza egoísta.

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com