5. SE PERDOARDES…

Jesus Cristo disse, sem se equivocar e sem engano nas palavras: “Porque se perdoardes aos homens as suas faltas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas faltas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas faltas” – Mt 6.14-15.

Ninguém de nós pode dispensar o perdão dos pecados. Nós somos, por natureza, pessoas que falham, evidenciam fraquezas. No entanto, você deve interpretar essa falta e fraqueza de modo tal que a pessoa próxima que pecou contra você, o reconheça ao modo da Palavra, deseje perdão e pretenda corrigir-se. Pois, como já escrevi, há dois tipos de pecado: um é o pecado confesso. A esse ninguém deve deixar imperdoado; o outro é o pecado que a pessoa defende. A esse ninguém pode perdoar, pois a pessoa não admite que seja pecado nem quer receber perdão. Por isso, Cristo, ao falar do perdão ou das chaves em Mt 18.18, coloca duas realidades lado a lado: ligar e desligar, para mostrar que não se pode desligar o pecado que não se queira admitir que seja pecado nem que seja perdoado. Esse pecado se deve ligar ao abismo do inferno. Mas, por outro lado, o pecado confessado deve ser desligado e elevado para o céu, etc. O que acontece no Ofício das Chaves, aplica-se também a cada pessoa cristã em relação à pessoa próxima: deve estar disposta a perdoar a toda aquela pessoa que lhe cause injúria. No entanto, se uma pessoa se recusa a reconhecer o pecado e a largá-lo, mas até persiste nele, não pode perdoá-lo, não em função de si, mas dele próprio, porque ela não quer o perdão, com fé presente. No momento, porém, em que ela admite a culpa e deseja perdão, deve-se perdoá-la por tudo, seguindo-se imediatamente a absolvição. Pois uma vez que ela se recrimina a si própria e abandona o pecado, de modo que não resta mais pecado nela, tanto mais devo eu esquecer esse pecado, por causa de Cristo e Seus méritos em nosso favor. Quando, porém, ela própria o sustenta e não quer largá-lo, não o posso tirar dela. Tenho que deixá-la presa ao pecado, uma vez que ela própria faz do pecado perdoável um pecado imperdoável. Em suma, quando ela não quer confessar, deve-se onerar sua consciência ao máximo e não mostrar graça alguma, uma vez que insiste pertinazmente em querer pertencer ao diabo; por outro lado, quando confessa o pecado e lhe pede perdão e você não lhe perdoa, então você toma o pecado dela sobre você, de modo que este condena também a você.

Jesus Cristo, que ensinou o Pai-Nosso para os Seus discípulos quer que o pecado seja confessado e abandonado. No entanto, mesmo assim, chama-o de falta, não quer negar que seja incorreto nem lhe obriga que o aprove como algo correto. Pelo contrário, você deve considerá-lo como correto e bom somente no caso de vir a ser um pecado perdoável e tão insignificante a ponto de chamar-se apenas de falta. No entanto, porque o confessa e porque seu coração agora está mudado e não tem ressentimentos contra mim, de bom grado passarei por cima como uma falta ou lapso, esquecendo qualquer rancor, por causa de Cristo.

Se então você assumir essa atitude para com a pessoa próxima, também Deus se mostrará igualmente a você com o mesmo coração doce e amável. Minimizará o seu grande e grave pecado que contra Ele você cometeu e ainda comete, a tal ponto que o considerará apenas uma falta, quando o confessar e pedir perdão, porque Ele está mais inclinado a perdoar do que nós próprios poderíamos esperar dEle. Ora, para comprar de Deus um coração desses, certamente, você estaria disposto a sacrificar corpo e vida e correr atrás até o fim do mundo. Ainda mais porque neste mundo perdão é possível, por enquanto. [Segue]

 

 

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com