6. NÃO ACUMULEIS

Jesus Cristo, que condena e rejeita a avareza e a idolatria ao Mâmon, prega: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e onde ladrões os escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde nem traças nem ferrugem os corroem, e onde ladrões não os escavam nem roubam; porque onde está o vosso tesouro, aí está também o vosso coração” – Mt 6.19-21.

Obviamente não podemos e nem devemos ser ingênuos e nem negacionistas quanto ao seguinte: há pessoas que são tão gananciosas e avaras que ajuntam e ajuntam e não podem mais parar – ou nem querem. Tais pessoas a ninguém deixam fazer uso dessas riquezas e, inclusive, elas próprias não podem aproveitá-las com prazer e satisfação. Essas também merecem o que consta aqui: que seja tudo devorado por traças, ferrugem e ladrões; como foi adquirido, assim também se perderá; por outro lado, acontece, muitas vezes, que também o acúmulo bem intencionado é devorado dessa forma. Afinal, não pode ser outro o destino dos bens materiais sobre a terra. Ora, se isso acontece com aquela gente que acumulam fortuna legitimamente, muito mais com aquelas que não buscam outra coisa senão o dinheiro, não o uso, o proveito ou o fruto do dinheiro. Pois a ‘bênção’ dada ao dinheiro é esta: que traça e ferrugem o ataquem e devorem e que seja roubado, de modo que não tenha sucesso aquela gente que assim amealha e poupa mesquinhamente, e mesmo que um/a agricultor/a faça uma grande colheita, ele/a não poderá aproveitá-la, o que, aliás, nem Ihe convém. Tem que enterrá-la, de modo que não traga proveito, nem para ele/a próprio/a, nem para os outros / às outras; ou, então, será comida pelo ‘caruncho’ ou cairá nas mãos da gente ladra, para que, de forma alguma, seja investida de modo mais proveitoso.

Com essas palavras, Cristo, notificando ao arrependimento e à fé nEle, quer dissuadir-nos de sermos tão ávidos/as pelo Mâmon, e fala a seu respeito com tanto desprezo e repúdio, que não poderia ser mais aviltante. Pois que deus é esse que não consegue defender-se da ferrugem e das traças, que têm que deixar-se devorar e consumir diariamente, ficando sujeito a ser roubado por qualquer um/a, que é carcomido por qualquer coisa que Ihe sobrevenha, podendo ser levado pelo primeiro ladrão que aparecer? Ora, é frustrante ter um deus tão inerte, sujeito a ferrugem, às traças e aos ladrões e que, mesmo assim, governa o mundo inteiro. Por isso, deveríamos nos envergonhar de sermos pessoas que se apegam a um tesouro desses, sujeito à ferrugem, depositando nele toda a sua confiança. Já que sabeis disso (quer Ele dizer) não confieis no acúmulo de tesouros sobre a terra, mas dai-vos por satisfeitos/as com aquilo que Deus vos dá aqui, lembrando que corre perigo constante de se perder ou de vos ser tirado. Pois não tem outra saída, especialmente para quem quer ser pessoa cristã e confessar ou pregar o seu Senhor, no estado, vocação e ofício de gente discípula. Como alguém que desafiou o mundo inteiro e todos os diabos, ela precisa contar, a todo momento, com a possibilidade de ser expulsa e rejeitada pela gente de Belial e pelo mundo hostil a Cristo e Seu Evangelho. Quem quiser levá-lo a cabo, precisa tomar ânimo suficiente para desprezar, de fé em fé, os tesouros e os bens deles, e têm que ter a certeza de outro tesouro melhor, que é eterno: Cristo consigo na vida e na morte e para além deles.

Por fim, se conscientize, vamos nos dar por conscientizados/as de que Cristo diz aqui: “Ajuntai para vós outros tesouros no céu, etc.” Ou seja: deixai para o mundo seus tesouros sujeitos à ferrugem, ao roubo e ao furto, uma vez que ele não merece nada melhor do que ter neles seu prazer e consolo fugaz. Renegue, o quanto antes, a avara fome e sede de abastança!

 

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com