8.NÃO JULGUEIS

Cristo disse: “Não julgueis, para não serdes julgados. Pois com o mesmo juízo com que julgais, sereis julgados, e com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos” – Mt 7.1s.

O discípulo vive inteiramente da comunhão com Jesus Cristo, por graça divina e fé. Tem sua justiça somente nesta comunhão, e jamais fora dela. A justiça jamais ele a pode usar como critério, como se a possuísse a seu dispor. O que faz dele um discípulo não é uma nova dimensão de sua vida, por mais ética e moral que possa ser julgada, mas exclusivamente o próprio Jesus Cristo, o suficiente Mediador. Sua própria justiça, pois, está em secreto na comunhão de Jesus. Já não pode ver-se a si mesmo, observar-se, julgar-se, pois vê unicamente a Jesus, e é visto somente por Jesus, que lhe julga e agracia. Assim não é um critério de vida em justiça que separa os discípulos dos outros, mas o próprio Jesus Cristo. O discípulo vê o outro como alguém ao qual Jesus está chegando. Encontra-se com o outro somente porque, na companhia de Cristo, vai de encontro ao outro. Jesus vai ao outro adiante do discípulo e este Lhe segue. Assim o encontro do discípulo com o outro jamais é o encontro livre de duas pessoas que justapõem suas opiniões, seus critérios e juízos diretamente. Antes, o discípulo pode encontrar-se com o outro somente como alguém ao qual está chegando o próprio Jesus. A luta pelo outro, sua reputação, seu amor, sua graça e seu juízo, somente assim serão respeitados. O discípulo, pois, não toma uma posição a partir da qual atacará o outro, mas, na verdade do amor de Jesus, aproxima-se do outro como incondicionada oferta da comunhão.

No julgamento, tomamos, em relação ao outro, o posicionamento de observador, de reflexão. O amor que ama não amáveis na esperança de que se tornem amáveis, porém, não admite isto nem lhe dá oportunidade. Ao que ama, jamais o outro lhe poderá passar por objeto de observação expectativa; o outro é, a qualquer momento, a reivindicação viva do meu amor e do meu serviço diaconal. Mas não estaria o mal do outro obrigando-me forçosamente ao julgamento, justamente por causa do amor, por amor ao outro? Estamos percebendo a sutileza dos limites? Um mal entendido amor ao pecador está bem próximo do amor ao pecado. O amor de Cristo ao pecador, porém, é a própria condenação do pecado, é a expressão mais séria do ódio ao pecado. É exatamente o amor incondicional no qual devem viver os seguidores de Jesus, no discipulado, que resulta naquilo que jamais alcançariam com o amor dividido e dado a critério e sob condições próprias: a condenação radical do mal. Os discípulos, em julgando, estabelecem critérios sobre bem e mal. Jesus Cristo, porém, não é um critério que possa ser aplicado proibido de julgar. Se o fizer, está sujeito ao julgamento de Deus. A espada com o qual julgam o irmão, se voltará contra eles próprios. A incisão com a qual se separam dos outros como os justos dos injustos, separa-os de Jesus Cristo, o Remidor.

Por fim, repetindo, em parte: por que tem que ser isto assim? Porque o discípulo vive inteiramente da comunhão com Jesus Cristo. Ele tem sua justiça somente nesta comunhão, e jamais fora dela. A justiça jamais ele a pode usar como critério autoindulgente, como se a possuísse a seu dispor. O que faz dele um discípulo não é uma nova dimensão de sua vida, mas exclusivamente o próprio Jesus Cristo, o Mediador, o unigênito Filho de Deus. Sua própria justiça, pois, está em secreto na comunhão de Jesus. Já não pode ver-se a si mesmo, observar-se, julgar-se, pois vê unicamente a Jesus, e é visto somente por Jesus, por Ele julgado e agraciado. Assim não é um critério de vida em justiça que separa os discípulos dos outros, mas o próprio Cristo: o discípulo vê o outro como alguém ao qual Jesus está chegando. Encontra-se com o outro somente porque, na companhia de Cristo, vai de encontro ao semelhante.

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com