Jesus Cristo, que não quer que nós vivamos e nem ainda morramos como joão-grandão ou maria-grandona governados pela dona Ganância, disse: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!” – Mt 6.22s.
Com prazer deixamos aos servos e às servas da dona Ganância os ‘grandes bens’ que possuem e não os queremos para nós, ainda que os atirassem atrás de nós, confessam e não negam os membros do Povo da Fé. Por outro lado, eles/as não querem os bens espirituais que nós possuímos por intermédio do único-salvante Evangelho de Jesus Cristo, o Filho unigênito de Deus, que, na carne, nos reconciliou com Deus Pai. Assim ficamos com o nosso ‘chão e com a herança’ que nos pertence eternamente, e os deixamos ufanar-se com seu terrenal e transitório, que passa hoje ou amanhã e por amor do qual eles mesmos se privam do direito à nossa herança eterna, que lhes gostaríamos de ‘dar’ com prazer, contanto que ouvisse a Cristo e Lhe respondesse a pregação via fé presente. Se, por outro lado, eles/as nos privam da parte deles/as, sempre temos, ainda assim, o suficiente para nos podermos recuperar do prejuízo.
Como membros do povo da Fé, prestemos atenção à advertência de Cristo. Não nos entreguemos, por amor ao Evangelho, como o mundo hostil a Cristo, à falsa luz, isto é, o olho malicioso, que apaga a verdadeira luz, fazendo dela dupla escuridão. E cuidemos para que a ganância não nos seduza com suas doces sugestões e belas seduções, soprando-nos ao ouvido muitas e diferentes tentadoras vantagens temporais. E isso, apenas, gananciosamente, para que queiramos melhorar e elevar a nossa qualidade de vida, via doações egoístas, que esperam vantagens em troca. Aliás, é próprio da ganância: quanto mais se ganha, tanto menos a pessoa se satisfaz, querendo, avaramente, subir mais e mais, pisando sobre os semelhantes. Ninguém, enquanto pessoa não regenerada pelo Espírito, conformada com Cristo, se satisfaz com seu nível de vida vivida e gasta a serviço da pessoa próxima, no conjunto da Criação. Para usar um exemplo do passado, que se aplica para hoje: Quem era burguês, queria, o quanto antes melhor, levar vida de um nobre; um nobre, custasse o que custasse, queria ser príncipe, e assim por diante. Um príncipe queria equiparar-se a imperador. Se, porém, queres proceder corretamente, como pessoa cristã, então precata-te contra essa ideia avaro-gananciosa como contra a vergonhosa escuridão. Se Deus te abençoa e te concede sucesso, realiza teu trabalho de maneira que o vizinho ou a vizinha também se possa alimentar alegrar-se com tua ajuda, se lhe ofereceres, com um Cristo em favor de, ‘mão generosa’. Pois onde te deixas enganar pelo olho malicioso, já perdeste a Palavra de Deus, expulsa pela luz, e uma escuridão mais densa sucede à outra, tornando-te tão cego e empedernido, que não há jeito de conscientizar-te.
Cegado é o olho que quer pertence a outro Deus e Senhor. Assim como não penetra luz no corpo sendo mau o olho, assim também a Palavra de Jesus não mais penetra na pessoa discípula quando o coração se-lhe endurece em virtude da presença e ação da dona Ganância. A Palavra de Jesus é e foi sufocada por ela, qual a sementeria entre os espinhos: “A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer” – Lc 8.14.
Por fim, isto posto: são e continuam sendo os bens do mundo que desviam e querem desviar de Jesus Cristo o coração da pessoa discípula. Ela deve ouvir só a Ele com fé presente!
