9. O olho é a luz do corpo

A unidirecionalidade do olho e do coração corresponde àquela abscondidade que nada sabe a não ser a Palavra e o chamado de Cristo, abscondidade que consiste na completa comunhão com Jesus, que disse: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!” – Mt 6.22s.

Jesus Cristo não proíbe os discípulos o uso das riquezas. Se eles tiverem o seu coração e o seu olho voltado para Deus, inteiramente, pela ação do Espírito Santo neles, via Palavra, claro está que não poderão servir a dois senhores. Isso notoriamente é impossível no discipulado da cruz, sob renúncia. Seria muito natural querermos comprovar a sabedoria e experiência cristãs justamente na demonstração da possibilidade de servirmos a dois senhores, às riquezas e a Deus, concedendo a cada um o direito relativo. Por não ser, justamente como filhos/as de Deus, mediante a fé em Cristo e Seu Evangelho, gente discípula, no mundo, se alegra nas boas dádivas de Deus. E veem nas riquezas de origem honesta uma bênção de Deus, quando e enquanto colocadas a serviço, em diaconia, junto à pessoa próxima.

As pessoas discípulas de Cristo estão cientes de que Deus e o mundo, Deus e as riquezas são opostos entre si, quando e se elas querem conquistar e governar o coração e os olhos. Sem o coração e os olhos conquistados para si, bens e mundo nada são. Eles alimentam-se de corações e olhos avaros e gananciosos. Nisto são e devem ser opostos entre si.

Nós podemos e devemos dar o coração e os olhos, via fé presente no Evangelho e pregação de Cristo, apenas a um, em amor total. Nós podemos e devemos, em verdade, por fé, entregar-nos, junto à comunidade da pregação, como membros engajados em missão, apenas a um senhor, totalmente. O que se opõe a esse amor cai no ódio. De acordo com a palavra de Jesus, há somente dois sentimentos e visões em relação a Deus: amor e ódio, amor e desprezo. Se não tememos, nem amamos e nem sequer confiamos em Deus, mediante Cristo, sobre tudo, todas as coisas, todos/as odiamo-Lo. Não há meio termo. Deus é Deus tal, e justamente nisso Ele é Deus, que pode ser somente amado ou odiado. Existe somente esta alternativa: Ou amamos a Deus, ou, às riquezas do mundo. Se, eventualmente, amas o mundo hostil a Cristo, odeias a Deus; se amas a Deus mediante Cristo, odeias o mundo. Isso independe da tua vontade ou da tua ação consciente. Decerto o não quererás ter nem terás consciência do que fazes; pois justamente acontece o que não queres, pois o teu desejo, segundo a carne e o sangue, é seguir os impulsos do coração pecaminoso e dos olhos altivos.

Por natureza, o nosso coração e os nossos olhos querem, inconversos, ter e servir a dois senhores. Eles querem amar a Deus e às riquezas, e, portanto, jamais, confessos, admitir que odeiam a Deus. Quando a dona Ganância manda e governa o coração impenitente e descrente, as pessoas querem amar a Deus de modo autoinventado. Verdade é: amando a Deus e às riquezas, o amor a Deus é ódio. Pois o olho da pessoa não regenerada pelo Batismo e pelo Espírito Santo, não é unidirecional e nem sequer o coração se deixa conformar, via Evangelho, pela fé. Querendo ou não assim será se a avareza é Deus e Senhor na pessoa. Não se pode, como pessoa cristã, em discipulado da cruz, em verdade, servir a dois senhores.

 

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
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