Conversão, dia das mães

Um homem machista, muito rico, já tinha três filhos com sua esposa, que estava, agora, na quarta gestação. Ele espera mais um filho. Ao fazer a primeira ecografia morfológica o médico disse que era uma menina. Ele lhe ordenou que abortasse. Mas ela se impôs e disse que não faria isso de modo algum. Ele a ameaçou dizendo que se não o fizesse iria expulsá-la da sua própria casa, que era, na verdade, uma mansão. Ela, contudo, disse, determinada, que ela aceitaria tal tratamento. Declarou-lhe, entretanto, que, em absoluto, concordaria com o aborto. E acrescentou: “antes, por amor à vida, não só porque sou cristã e temente a Deus, detesto a sua maldade.” Os filhos se impuseram dizendo ao pai que não concordavam com a expulsão da mãe. Ele, então, consentiu que ela ficasse. Entretanto, nunca fez caso da gravidez e da filha, pelo contrário, a desprezava, com crueldade. Dizia-lhe que filho para ele era filho homem. Visto que eles, sim, podiam acompanhá-lo na lida da fazenda, aumentar o patrimônio, acompanhar nas festas. Ele, no alto da sua cegueira machista, não respeitava nenhuma mulher. E, a vida da filha se tornou muito difícil com a morte da mãe, quando ela tinha doze anos. Inclusive no dia da morte da mãe, ele a fez vir do cemitério, que ficava distante, para casa à pé.

No dia em que ela completou dezoito anos, foi conversar com o seu pai. Disse-lhe: “Pai.  Eu não sei se prestei algumas vez para você. Eu nunca recebi um abraço e nem um carinho seu, que aliás, sinto tanta falta. Agora a minha mãe já não existe mais, há muitos anos. E, eu cansei de ser humilhada. Eu vou sair da sua presença. Só vim lhe dizer que estou indo embora”. O pai retrucando disse: “Eu me sinto humilhado por perder meu tempo ouvindo as suas ninharias. Só podia mesmo ser mulher.” Ouvindo isto teve certeza de que era hora de sair de casa, de fato. Ela foi acolhida por uma família muito culta. E, estudando muito, com o passar dos anos, se tornou uma mulher muito bem sucedida. Casou-se e teve um linda família. De longe, entretanto, acompanhava a vida do seu pai e dos seus irmãos, que lhe causavam muito desgosto, bem ao contrário do que sempre imaginava. Ele se endividou por causas da vida libertina e promíscua – daí a mulher, como prostituta, ‘prestava’ –, sendo necessário, inclusive, colocar a fazenda à venda. Por ocasião da venda, no contrato, entretanto, fez constar uma cláusula que dizia que ele queria ficar morando nela, mesmo que para tanto tivesse que se tornar empregado. E, assim aconteceu. Ele teve que sair da mansão e aprender a viver sem ‘escravizada e serviçal’.

Os anos foram passando. Ele ainda não conhecia o dono da fazenda. E, certo dia, foi notificado de que seria demitido. Ele ficou muito furioso, por isso. Protestou que isto não era justo, quando chamado para assinar a ‘suposta demissão’. Ele disse: “Além de ser demitido ainda sou recepcionado por uma mulher. Eu mais uma vez me sinto humilhado via mulher. Eu tenho que sair da fazendo na qual nasci e me pertenceu. Mas eu vou, e já.” Na porteira estacionou um carro e dele saiu uma menina que se aproximou dele e disse: “Porque você chora e tem lágrimas no rosto. E, porque a minha mãe está lá na janela, chorando, também. O que aconteceu?”

Ele lhe disse que chorava porque o ranger da porteira que sempre o recebia, agora, seria o da despedida. Enquanto isso se aproximou a mulher que ele cria ser a secretária. Justamente aquela que lhe fizera assinar os papéis. Ela, então, lhe disse: “Você deve estar com o coração partido. Afinal de contas perdeu tudo. Você, no entanto, nem sequer leu os papéis que assinou. Você não assinou a demissão. Você assinou os documentos que comprovam que a fazenda é, novamente, sua. Eu, sou a sua filha. Moro em outra fazenda logo ali, bem perto do cemitério em que a minha mãe está sepultada, de modo tal que posso, quando quero, levar uma rosa para enfeitar o túmulo dela.” Aí ele estremeceu. De joelhos quis pedir perdão, mas a filha disse que não precisava se humilhar, que ela queria tão-somente uma coisa dele: que ele entendesse que, respeitadas as diferenças, a mulher tem capacidade, dignidade e valor tanto quanto o homem.

Deus abençoe a você, mulher, que luta e chora, vive e torna a vida de nós, homens, cheia de significado. Parabéns, mães, pelo seu dia. Parabéns, mulheres e mães, por sua garra e determinação, apesar do machismo.

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com