DO ADULTÉRIO

A pregação, ensino e confissão de Jesus Cristo auferem benefícios corpóreos que a razão e inteligência não conseguem dimensionar fora da fé que é dádiva do Espírito Santo. Ele diz: “Ouvistes que foi dito aos antigos: “Não cometerás adultério”. Eu, porém, vos digo: quem olhar para uma mulher e a cobiça, já cometeu adultério com ela em seu coração. Se teu olho te escandaliza, arranca-o e joga-o fora. É melhor que se perca um de teus membros e não seja todo o corpo lançado ao inferno; se tua mão direita te escandaliza, decepa-a e joga-a fora. É melhor que se perca um de teus membros e não seja lançado ao inferno todo o corpo” – Mt 5.27-30. O que Jesus Cristo impõe aos discípulos dEle não é um insuportável jugo da lei.

O que nós, ao modo de Cristo, pela fé, devemos jogar fora, porque nos escandaliza, é o coração. Mas, se nós devemos jogar ele fora, que seria isso senão destruir toda a natureza e a criação de Deus? Resposta: Aqui nós, pessoas ouvintes crentes obedientes a Cristo, por fé, percebemos, claramente, que, em todo esse capítulo, Ele não se refere à ordem e aos negócios do mundo, e que todos esses ditos se encontram espalhados nos evangelistas Mateus 16.24, João 12.25 e Lucas 14.33, como, por exemplo: Negar-se a si mesmo, odiar sua alma, abandonar tudo, etc., não cabem, em absoluto, no regime do mundo ou das autoridades seculares, nem devem ser interpretados de acordo com as lei do país, como fizerem, ao longo da história, juristas, ordenando que se arranque os olhos, se decepem as mãos e coisas semelhantes. De outro modo, como poderia subsistir essa vida e esse regime se tudo fosse tomado ao pé da letra? Não seríamos nós, num futuro presente próximo, cegos e manetas, mutilados e mortos?

Os ditos de Jesus Cristo se referem, exclusivamente, à vida e aos assuntos espirituais, onde não se jogam fora olho e mão, exteriormente, perante o mundo, e, sim, no coração, perante Deus, mediante oração, intercessão, súplica. É aí que a pessoa tentada e quebrantada  em sua consciência nega a si mesma e abandona toda a natureza concupiscente. Porquanto Cristo não ensina a fazer uso da força e a conduzir a espada nem governar corpo e bens, e, sim, somente, o coração e a consciência perante Deus. Mesmo cegada e maneta a pessoa continua, por natureza, segundo o seu coração pecaminoso – Marcos 7.20-22 –, pecadora. Por isso mesmo, nunca, jamais, em absoluto, não se deve transferir as palavras de Cristo para o Código Civil ou para o regime secular. Nós somos, todas as pessoas, em verdade, corruptas e corruptíveis. Nos alegremos e bendigamos a Deus, portanto, se dEle, no mundo e presente e no porvir, alcançamos perdão dos pecados, vida e salvação, por graça mediante a fé em Cristo. Caso contrário, com certeza, nós estamos perdidos/as na vida e na morte e para além delas.

Mateus 19.12 fala a respeito da castração, onde enumera três classes de castrados ou eunucos: A primeira e a segunda classe são formados por aqueles que nasceram assim ou foram castrados por mãos humanas, aos quais, igualmente, o mundo e os juristas chamam de castrados. Os terceiros, porém, são aqueles que se castraram a si mesmos por amor do Reino dos céus. Eles constituem outra classe de castrados. Esses não são chamados de castrados exteriormente, no corpo, e, sim, no coração, espiritualmente, não à maneira do mundo hostil à fé em Jesus Cristo, mas, como diz, para o Reino dos céus. Pois eles nada têm a ver com as coisas do mundo. Assim, também, aqui no Evangelho segundo Mateus, nós devemos arrancar o olho, a mão, o coração e abandonar toda concupiscência, espiritualmente, a fim de que isso não nos escandalize e nem condene eternamente, não obstante, porém, nós devemos viver nesse ambiente mundano, no qual não podemos prescindir de nenhuma dessas coisas.

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com