É o/a cínico/a que, na pretensão de “falar a verdade” em qualquer lugar, a qualquer hora e a qualquer pessoa, de igual maneira, só exibe uma imagem idolátrica e morta da verdade. Ao aparentar fanatismo pela verdade, que não pode ter consideração com fraquezas humanas, ele/a destrói a verdade viva entre as pessoas, necessitadas de perdão e graça. Ele/a fere o pudor, profana o mistério, desmerece a confiança, trai a comunidade em que vive e sorri arrogantemente do descalabro que provocou, da fraqueza humana que “não aguenta a verdade”. Diz o/a cínico/a que a verdade é destruidora e exige vítimas; sente-se como um Deus acima das criaturas fracas e não sabe que está servindo a Satanás, em última análise.
O diabo, já no Jardim do Éden, afastou Eva da palavra de Deus, e a convenceu a fazer o que Deus, categoricamente, proibira, mediante a Sua Palavra. Eva pecou contra a palavra de Deus e a fé nEle. Ela se desviou da Palavra para a incredulidade, de Deus para Satanás, do culto a Deus para a idolatria. Como é possível que a morte não se siga imediatamente, já que esta é a parte principal do pecado? Sejamos vigilantes no sentido de que Satanás não controle o nosso coração, mente, espírito de tal maneira que mentir, lograr, enganar nos pareça ser normal, uma queda, um deslize, uma fraqueza, ao invés de pecado com consequências, em Igreja e Sociedade. O veneno de Satanás, mentiroso desde os primórdios, é exatamente este: Ele faz com que Eva queira saber mais do que lhe foi ordenado. Essa sabedoria é a morte e a inimiga da sabedoria que Deus deu no mandamento; é a sabedoria que faz com que Eva, em sua razão e consciência, julgue ser justiça, o que é pecado, e imagine ser a maior sabedoria, o que, em verdade, é a extrema insanidade. A incredulidade e a dúvida são a fonte do pecado.
Adão, o primeiro homem, com a queda em pecado, foi privado, pelas consequências dela, a tal ponto de sabedoria e de bom senso que, de modo tolo ele tentou fugir de Deus, estupidamente. Ele, também, respondeu, ‘informando a Deus’, que o criara nu, que ele estava nu. Dessa maneira, Adão confunde a si mesmo, trai-se e condena-se pela própria boca ao afirmar que ouviu a voz de Deus e ficou com medo. Mas ele também não ouvira a voz do SENHOR antes, quando Este lhe ordenou que não comesse da árvore proibida? Por que não ficou parado, alegre e altaneiro, quando percebeu a presença de Deus e ouviu a Sua voz? Agora, Adão, que caiu em pecado, se apavora com o ruído de uma ‘folha’. Ele não é mais o que foi antes, mas sim mudou, na essência; e, se tornou outra pessoa. Agora, ele procura uma razão mentirosa para se defender. Como ele pode acreditar que a causa do temor seja a voz de Deus, quando, antes, ele não a temeu, mas sim escutou a Deus, com prazer e de boa vontade?
Adão e Eva, com a queda, sentem a sua torpeza diante de Deus. Eles perdem a confiança original nEle e estão amedrontados e apavorados, em plena luz do dia. Diante da gravidade do pecado original convém estar ciente de que há sabedoria e sabedoria, conhecimento e conhecimento, verdade e verdade. E, dependendo do seu conteúdo, elas podem ser diabólicas, mundanas, carnais. Quanto à sabedoria diabólica, por exemplo, sua característica é que, sob a aparência da verdade, nega tudo que é real. Ela vive do ódio a tudo que é real, ao mundo que foi criado e amado por Deus. Contudo, a verdade de Deus julga a criação por amor, enquanto que a verdade de Satanás o faz por inveja e ódio. A verdade de Deus se faz carne, em meio ao mundo, está viva em meio ao real; a verdade de Satanás é a morte de tudo que é real. A malícia satânica é inominável, em sua audácia, pertinácia, malícia.
A ideia da verdade viva é perigosa e provoca a suspeita de que a verdade possa e deva ser adaptada à respectiva situação, o que faria com que o conceito de verdade se diluísse, completamente, e mentira e verdade se aproximassem a ponto de não poderem ser mais distinguidas. Verdade é que ‘todo o mal começa em nome de Deus’. Satanás imita Deus!
