No artigo publicado na edição passada mencionamos que ao diabo e ao espírito mau, é preciso se opor, no que tange à oração, como boa obra, dizendo: “Nada empreendo por causa de minha dignidade, doutrina e fé que autoproduzi, e de nada irei desistir por causa de minha indignidade, contato, que tenha certeza de que fazendo o que faço, seja, de fato, do agrado de Deus.” No entanto, é preciso ir avante na nossa oposição a eles, ao modo da Palavra e dizer: “Eu peço e ajo exclusivamente porque Deus, por pura bondade Sua, prometeu atendimento e graça a todas as pessoas indignas, sim, não somente prometeu, mas também ordenou da forma mais categórica – sob pena de se cair na Sua Eterna desgraça e ira – que se ore, confie e receba o que se pede ao modo da Palavra. Para a Alta Majestade não foi demais ordenar e prometer que atenderia a nós indignos pecadores a elevada e cara obrigação de orar, rogar, interceder, suplicar e dEle receber, com haveria de ser demais para mim acolher semelhante mandamento – o de orar incessantemente – com toda a alegria, por mais digno ou indigno que eu seja por causa ou fora de Cristo?” É assim que Deus quer que ‘expilemos’ com o Mandamento e Promessas do SENHOR a insinuação má do diabo em relação à nossa vida e prática da oração como boa obra. Desse modo ele para, e jamais de outra modo, tendo em vista que somente o Evangelho expele e expulsa a ele, de verdade.
Agora, porém, se reconhecemos a prática da oração como boa obra, fica, porém, a pergunta: quais são as coisas e necessidades que se devem apresentar e lamentar em oração perante o Deus Todo-Poderoso, para nisso exercitar a fé? Resposta: trata-se, em primeiro lugar, das próprias necessidades e dificuldades prementes de cada um de nós, com as quais nos debatemos. Neste sentido diz Davi no Salmo 32.7: “Tu és meu refúgio em todo medo que me envolve, e és meu consolo para me livrar de todo mal que me cerca.” E ainda no Salmo 142.1s.: “Invoquei com minha voz a Deus, o SENHOR, roguei a Deus com minha voz. Exporei perante os Seus Olhos a minha oração e derramarei diante dEle tudo que me preocupa.” Assim uma pessoa cristã deve ocupar-se no culto, sobretudo, no culto com ministração e recepção da Ceia do SENHOR, com o que sente que lhe falta ou lhe é demais, derramando tudo livremente perante Deus, chorando e gemendo, da forma mais lastimosa que puder, mas sem hipocrisia, como diante do seu Pai Fiel que está pronto a lhe ajudar. E caso você não saiba nem reconheça a sua necessidade, ou se não sofre provação alguma, fica sabendo que a sua situação é a pior de todas. Pois esta é a maior provação: constatar que está tão empedernido, endurecido e insensível que nenhuma provação lhe afeta – quer pessoal quer alheia.
Não existe, ora, ‘espelho’ melhor para enxergar a sua necessidade do que justamente os Mandamentos de Deus. Neles você achará o que lhe falta e o que deve procurar junto a Deus. Eles revelarão que você não pode se autoconceder fé, esperança e amor inspirados. Eles, somente, o Espírito Santo, inspira via meios do Evangelho: a pregação que separa corretamente Lei e Evangelho; o batismo, a Ceia do SENHOR, e o ofício das chaves administrados em conformidade com a doutrina de Cristo e Seus apóstolos. As necessidades do espírito, mente e coração sobrepujam as corporais!