Jesus Cristo, cuja doutrina, até a Sua segunda vinda, nunca é ultrapassada, ensinou e disse o que esperança o discipulado, sob cruz e renúncia: “Eu, porém, vos digo: quem se irar com seu irmão, está sujeito a julgamento. Quem, todavia, disser a seu irmão ‘raqa’, terá que comparecer perante o Conselho. Quem, todavia, o chamar de tolo, estará sujeito ao fogo infernal” – Mt 5.22. A transliteração do termo grego ‘raka’ que, por sua vez, corresponde ao aramaico ‘raqa’, significa, literalmente, “cabeça oca”, “desmiolado”. Na Bíblia de Almeida a tradução do termo está resguarda como “insulto”. A Bíblia de Jerusalém prefere a palavra “cretino”, como tradução. A Bíblia na Linguagem de Hoje circunscreve, rebuscadamente, ela como “você não vale nada”. Na Bíblia de Lutero, versão revista de 1984, nós temos a tradução original mantida na palavra alemã “Nichtsnutz”, que, em português, significa, o mais próximo do original: “inútil”, “imprestável”. Enfim, a questão é se ater a verdadeira compreensão do Mandamento de Deus, segundo Jesus Cristo: “Não matarás!”, e as maneiras de matar, com nossos membros, são muitas, como vimos nos quatro artigos anteriores.
Eis aí, ao modo de Cristo, a verdadeira luz, que revela para todas as pessoas a verdadeira compreensão desse mandamento e nos mostra o verdadeiro Moisés, e a interpretação podre dos fariseus e escribas desaparecem, na Palavra, como uma lanterna obscura perante a luz do sol, passando a brilhar agora numa forma tão diferente que depois disso o povo ouvinte crente confessa que Ele ensina com autoridade. Cristo diz, em primeiro lugar: “Quem se irar com seu irmão, está sujeito a julgamento”, isto é, merece o mesmo castigo que a lei impõe a um homicida, ou seja, condenação à morte. Ele, retornando ao espírito do Mandamento de Deus, repete, aqui, as mesmas palavras que se encontram em Levíticos 24.17, que Cristo acabou de citar: “Quem matar alguém, será morto”. Visto que quem se irar está sob a mesma sentença e, com razão, também é considerado, ao modo da Palavra, uma pessoa homicida. Em segundo e terceiro lugar, ao dizer: “Quem chamar seu irmão de desmiolado ou de tolo, terá que comparecer perante o Conselho e estará sujeito ao fogo infernal”, ele quer dizer a mesma coisa que estar sujeito ao tribunal, ou seja, que essa pessoa merece a pena de morte.
Jesus Cristo arrola três pontos a fim de mostrar como o castigo é tanto maior e mais grave, quanto mais o pecado aumenta e irrompe, pois usa a mesma linguagem que se usa no Tribunal quando se trata de castigar um malfeitor. Por exemplo, se uma pessoa homicida comete um homicídio, ela terá que comparecer primeiramente perante o Tribunal, ou seja, ela é levada ao Tribunal, é acusada e se pronuncia sobre ela uma sentença prevista para uma homicida. Mas a sentença ainda não é executada, para que ainda tenha espaço para se defender e ser absolvida. Num segundo passo, porém, se a sentença de morte da pessoa homicida já tiver sido pronunciada, ela é entregue ao Conselho, para que se resolva que pena ela deverá sofrer; isso significa que ela, agora, está mais perto da morte e não lhe poderá escapar, mesmo que queira. Terceiro: Uma vez pronunciada a sentença e tudo estiver decidido, a pessoa homicida é entregue ao carrasco, para que a leve e cumpra sua obrigação. Assim, Jesus Cristo mostra com esses três níveis como o ser humano se afunda mais e mais no castigo, do mesmo modo como a pessoa a ser executada por causa do homicídio se aproxima mais e mais da sua morte. Por isso se diz aqui: Quem se irar no coração, já é réu de morte perante o Tribunal de Deus. Isto posto, a pergunta que fica é: Será que nós ainda nos preocupamos com os desdobramentos da ira no coração diante de Deus, já que, repetidas vezes, nos auto definimos filhos/as dEle?