Salmos

Sl 19 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.

O Salmo 19 é um Salmo profético e didático no qual o salmista se vale de linguagem metafórica. Ele, seguindo no mesmo espírito de Isaías – 66.1 –, por exemplo, profetiza e proclama que o Evangelho – poder de Deus – haveria de ser feito conhecido, via apóstolos, em todo o orbe terrestre, com o passar dos dias, como obra de Deus, por meio do qual Ele perdoa e salva, por graça dEle, às pessoas arrependidas e crentes em Jesus Cristo. Sim tão longe o céu é, todos os dias e todas as noites, como firmamento, algo seguro segundo Deus, ele haveria de vir a ser crido e vivido, por graça divina, por toda e cada pessoa crente em Cristo, via ministério legítimo da Palavra – o fundamento. Os céus são os apóstolos, com seus escritos que têm caráter de apostolicidade; e os pregadores que discernem e separam corretamente lei e Evangelho, do lar ao governo, os cristólogos. O salmista, promissivamente, profetiza que o Evangelho haveria de ser pregado e ensinado, não somente entre o povo judeu, mas, sim, que haveria de ser conhecido por todo o povo da Fé, servo junto à Palavra, em todos os lugares, entre todos os povos e todas as nações. Em toda parte, como o passar dos dias e das noites, assim como o sol brilha e aquece em toda a parte, o Evangelho haveria de chegar, brilhar, iluminar, transluzir, aquecer, quando proclamado. E assim edificar, consolar, santificar, por vontade divina, ouvintes crentes. O salmista profetizando assim, para consolo das consciências atribuladas, anuncia o fim do regime da lei, que não pôde operar a pureza, a santidade, a santificação, a redenção da pessoa pecadora, por natureza, diante de Deus. O Evangelho ilumina, transluz, consola, santifica, conforma com Cristo. E porque é eteno, revoga a Antiga Aliança juntamente com as leis, cerimônias, culto, justiça das obras. A lei, que não é pura, clara, amável, eterna como o Evangelho, não é capaz de remover a culpa e nem o pecado que ela revela e denuncia. Razão pela qual o presente Salmo, no Antigo Testamento, notifica a crer e confiar no obrar do próprio Deus, que, por graça dEle, em fidelidade à Si e Sua Palavra, cumpre a Sua promessa de perdão dos pecados, vida e salvação mediante Jesus Cristo, em nosso favor. O presente Salmo está ligado ao Mandamento que nos ordena, como membros do povo da Palavra e da fé, santificar o dia de descanso na perspectiva de Cristo, do Evangelho, do Espírito, da fé. Pois proclama como, por graça divina, via Palavra de Deus, lei e Evangelho, o Espírito Santo opera a santificação e a justificação, num único e mesmo ato, que tem o SENHOR Deus como agente e autor, mono. E assim liberta quem, arrependido, crê em Cristo, que cumpriu a lei, de modo perfeito, em nosso favor. É Deus Pai, não o ser humano, em verdade, que quer que a Sua Palavra seja pregada e crida, sem tardança, até os confins do mundo. Porque sem o Evangelho ninguém, por sua própria razão, força, inteligência haverá de crer em Jesus Cristo como a sua rocha, o seu redentor, o seu remidor único, suficiente, necessário, indispensável. Por tudo o que Deus faz e fez por nós mediante Cristo é nosso dever, por fé, gratos/as, honrar, glorificar, exaltar, bendizer a Ele todos os dias da nossa vida.

Em suma: o presente Salmo salmodia no que consiste o Evangelho, o que imputa e concede às pessoas que creem em Jesus Cristo – o Evangelho, em Pessoa, em nosso favor. E Davi faz conter no Salmo uma confissão de pecados, e também pede que Deus o perdoe e proteja dos mestres e pregadores ímpios e falsos, que muito brilham na aparência de piedade, razão pela qual seduzem e enganam com sua sabedoria, justiça e bem-aventurança hipócritas. Pois, diante de Deus, o coração deles continua péssimo porque tentam se autojustificar via justiça da lei. Por isso mesmo o presente Salmo descreve, de modo singular, o reino de Cristo, edificando as pessoas crentes, fracas na fé, e consolando as consciências atribuladas contra as ofensas que fazem com que os corações pávidos fiquem pusilânimes e tímidos. Pois, à luz da razão e da inteligência, parece que o reino de Cristo é fraco, a cristandade jaza por terra, e que os piedosos sempre vivam e estejam aí como acuados e amedrontados. Contudo, o Evangelho, porque não é nosso, ninguém pode impedir de alcançar todo o orbe terrestre, assim como não se pode obstaculizar o sol no sentido de que não siga o seu curso, sem participação humana.

P. Airton Hermann Loeve.

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com