SALMOS

Sl 7 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.

O Salmo sete é um Salmo de oração. Nele o salmista lamenta por causa dos blasfemadores, que culpam os santos e seus ensinamentos, asseverando que eles, por causa da sua fé, ensino, confissão e consequente condenar e rejeitar provocam tumulto e perturbam o estamento secular e a paz; como Simei – 2Sm 16.5-11 –, o geramita, da tribo de Benjamin, em sua soberba autojustificada, amaldiçoou o piedoso Davi em sua miséria, injusta, como se ele tivesse, com logro e má-fé, tirado o reino do rei Saul; e como os judeus, contemporâneos de Jesus, também acusam a Cristo perante Pilatos, e assim, igualmente, os difamadores do Evangelho da graça e da glória de Deus também injuriam e perseguem os verdadeiros cristólogos, em Igreja e Sociedade. Contra tal tentação incomum o salmista também luta aqui com orações, e lamenta a Deus a sua inocência, e depois mostra-nos, para o nosso consolo, como tal oração foi respondida; e ameaça terrivelmente os insultadores e tiranos autoindulgentes para os quais o ministério da Palavra não é importante, e coloca diante deles o exemplo de Absalão, como ele morreu, antes dele poder levar a efeito o mal que intuía cometer, sim, que ele tinha em mente e havia começado a tornar realidade, sob estratagema malífluo. O Salmo também pertence ao terceiro mandamento de Deus e à primeira petição do Pai Nosso, bem como à segunda, que, no conjunto, ameaçam as pessoas para quem Cristo e o Seu Reino não são importantes, a que se arrependam e penitenciem, tão-logo conscientizados. O juízo de Deus, o SENHOR, que é diferente do das pessoas, deve ser temido, sempre. É boa obra dar a Deus, o SENHOR, a honra, a glória, o louvor, a adoração devidas. E nos alegremos e fiquemos contentes quando injustamente somos feitos padecer os mais audazes e injustos impropérios porque somos membros do povo da Palavra, para o qual Cristo é importante. E, passada a impiedade padecida, se necessário, podemos e devemos testificar diante das pessoas a nossa inocência, sempre em temor e tremor porque pode acontecer que cometemos pecados que e dos quais não nos damos conta ou que não temos consciência. Por isso mesmo, não Davi e nem os apóstolos – Mt 26.22 – se basearam, em caráter último, na sua consciência de inocência. Ao modo do salmodiado pelo salmista é correto temer a Deus e pedir-lhe perdão ainda que nenhuma culpa nos seja consciente ou presente na memória. Porque nós, depois da queda de Adão e Eva em pecado, não somos santos por natureza. Deus pode nos responsabilizar por pecados que não lembramos ou nem nos damos conta. Davi teme a Deus porque Ele pode castigar por intermédio de pessoas que se opõem e resistem, à luz da carne e do sangue, com total injustiça. Deus mesmo quando, onde, como e se Lhe aprouver pode vir em defesa da pessoa injustiçada, na vida e na morte e para além delas. Só Ele conhece, integralmente, também o que é oculto para nós e outras pessoas. Ele, como justo juiz, sonda a mente e o coração – v. 10, parte. A autolouvação bem como a autoglorificação podem ser ‘bichadas’, por isso, é altamente recomendável que nós, ao orar, discernamos muito bem entre nós e Deus. Diante dEle não é aprovado quem a si mesmo se louva – 2Co 10.18. Uma vez que o Salmo salmodia a inocência de Davi, que nos tenhamos por ensinados e conscientizados, porque nesse mundo cindido a calúnia injusta e mordaz é frequentíssima nos três estamentos: o econômico-familiar, o eclesial e o secular. E assim nos atenhamos ao que o apóstolo Paulo escreve em sua apostolicidade, em Rm 15.4.

O salmista coloca o Salmo onde está, em sétimo lugar, para que nos tenhamos por conscientizados acerca da importância da busca da santidade, em temor a Deus, via fé em Cristo. Pois, por vezes, é preciso carregar e suportar a calúnia na fé, em temor a Deus e com o coração piedoso. Sim, justamente, na maior desventura, é preciso, como Davi, no presente Salmo, considerar que podemos ter pecado contra Deus e tê-lo provocado à ira, até mesmo onde estamos mortalmente convictos de que somos sem pecado. Um fato e forma de se portar são se não temos nada que nos acusa diante de Deus. Outro e outras são a acusação diante das pessoas. Não precisamos assumir culpa diante das últimas se somos inocentes. E nem muito menos com base nela nos vingar. Pois a vingança pertence somente a Deus, o Pai.

P. Airton Hermann Loeve

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com