Seja Condescendente

Jesus Cristo que pregou, no versículo anterior, para aquela pessoa que ofendeu outrem ou se irritou alguém, aqui, porém, diz como se deve comportar quem foi ofendido: “Sê condescendente com teu adversário sem demora, enquanto ainda estiveres a caminho com ele, para que, mais tarde, o adversário não te entregue ao juiz, e sejas lançado na prisão. Em verdade te digo que não sairás de lá, enquanto não pagares o último centavo” – Mt 5.25-26.

Jesus Cristo, se valendo, comparativamente, do procedimento no tribunal, diz de modo claro, simples e enfático: Que quem ofendeu outra pessoa deve se reconciliar, amigavelmente, com ela, e a outra parte deve se deixar reconciliar e perdoar, de bom grado. Também esse é um ponto sutil, pois, aqui há quem possa querer encobrir e enfeitar a sua malícia de modo ‘maravilhoso’, dizendo que quer perdoar de bom grado, mas não esquecer. Sempre existiu a desculpa presente na fé, teologia, culto e vida que não têm o Espírito Santo como autor que ajuíza de que a ira contra o mal seria justa e, assim, pensa que têm uma boa razão e uma justificativa justa para proceder desse modo: Perdoar sem perdoar de verdade!

Por isso, Jesus Cristo, faz, aqui neste versículo, uma nova e clara advertência e mostra que nesse mandamento – “Não matarás” – não se proíbe apenas que alguém se ire, mas ordena também que se perdoe de bom grado e que se esqueça a ofensa recebida, como Deus fez e ainda faz conosco ao perdoar o pecado: Ele o apaga, inclusive, do registro e nunca mais se lembra dele – Is 43.25; Jr 31.34. Não que nós devêssemos ou pudéssemos esquecer a tal ponto que nunca mais nos lembraríamos disso, e, sim, que você seja tão cordial e bondoso com a pessoa próxima como antes de ela lhe ofender e pecar contra você. Se, porém, permanece no coração o que é contra esse mandamento, de modo que você não é tão amigável e bondoso com ela como antes, isso não é esquecer, também não é perdoar de coração. Então você é justamente a pessoa astuta que vem até o altar com o sacrifício, quer servir a Deus e, não obstante, está com o coração cheio de ira, raiva, ódio, vingança. Porém são poucas as pessoas que dão atenção a isso. Toda gente cuja fé, teologia, culto e vida são ‘mascaradas’, não enxerga como o seu coração está em relação ao mandamento “não matarás” que, simplesmente, não tolera ira nem raiva contra a pessoa próxima.

É bem verdade que tem que haver ira; ela deve existir. Mas assegure-se tal pessoa que se ira de que isso acontece como convém e conforme está ordenado por Deus: Que você não deve se irar por causa de si mesmo/a, e, sim, por causa de seu ofício e por amor de Deus, sem misturar as duas coisas – sua pessoa e seu ofício. No que diz respeito a sua pessoa você não deve se irar com ninguém, por mais que você seja ofendido/a. Quando, porém, seu ofício o exige, você tem que mostrar a ira, ainda que você não foi ofendido/a, pessoalmente. É assim que um juiz cristão, uma juíza cristã se ira para com a pessoa malfeitora, à qual, individualmente, não deseja nenhum mal e preferiria deixá-la impune. Sua ira vem, portanto, de um coração regenerado pelo batismo e pelo Espírito Santo, no qual não há nada senão amor à pessoa próxima; a ira se dirige, somente, contra o seu ato mau, que deve ser castigado; se não fosse isso, não existiria ira nem punição. Se, porém, o seu irmão, a sua irmã cometeu um erro contra você e lhe ofendeu, pede perdão e pára de praticar o mal, então, também, a ira desaparecerá. De onde vem aquela raiva oculta que, não obstante, permanece em seu coração, se o ato que causou ira e a causa da ira já não existem mais? Se, agora, aquele/a que lhe ofendeu mostra outras obras, como pessoa que se converteu e agora se tornou alguém bem diferente, uma ‘nova árvore’, com ‘novos frutos’, que agora lhe ama e lhe honra ao máximo e se confessa culpada perante ti e se repreende a si mesma, você, então, haveria de ser uma pessoa miserável perante Deus e todo o mundo, se, em contrapartida, não lhe perdoasse de coração, de modo que a sentença que Cristo pronuncia aqui contra você é justa.

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com