Jesus Cristo, que condena a egolatria, disse: “Tomai cuidado com vossas esmolas, para que não as deis perante as pessoas, para que sejais vistos por elas. Do contrário, não tereis recompensa junto a vosso Pai no céu. Ao dares esmolas, não mandes tocar trombetas a tua frente, como fazem os hipócritas nas escolas e nas ruas, para serem glorificados pelas pessoas. Em verdade vos digo: eles já receberam sua recompensa. Tu, porém, ao dares esmola, não permitas que tua mão esquerda saiba o que faz tua direita, para que tua esmola permaneça em segredo, e teu Pai, que vê em segredo, to recompensará publicamente” – Mt 6.1-4.
As autoridades religiosas contemporâneas de Jesus pensavam que era suficiente e estariam vivendo de modo perfeitamente obediente, conquanto realizassem as obras como dar esmola generosa, jejuar e orar, não importando como seu coração estava em relação a Deus. Mas, Cristo, que conhece os segredos e as intenções, denuncia e condena aquilo que foi e continua sendo uma escandalosa perfídia e imundície diante dEle, pois o faziam somente para serem vistos pelo povo, colhendo honra e fama perante o mundo seduzido e transluzido pela doutrina e vida auto justificada. É por isso que o nosso único e suficiente SENHOR e Remidor o critica aqui e o condena completamente. Que não o repitamos hoje na esperança de que Jesus mudou ou venha a mudar o Seu santíssimo Evangelho e Sua doutrina e pregação.
Em primeiro lugar, Jesus Cristo crítica, condena e rejeita as esmolas dos fariseus que, afinal, são a melhor obra entre todas as obras exteriores, pois a prática meritória, segundo a justiça das obras, nada mais é do que ajudar às pessoas pobres e necessitadas. E isso não compreende, apenas, dar um pedaço de pão a uma pessoa mendiga na porta, mas pressupõe toda sorte de benefícios e boas obras. Pois a palavra “esmola” é derivada do termo grego ‘eleemosyna’, que significa misericórdia, como também nós, às vezes, falamos de ‘obras de misericórdia’. Por isso, também a Escritura enaltece essas obras acima de todas as outras, também, acima das que são realizadas em relação a Deus, como sacrificar, orar, etc., como diz o próprio Cristo – Mt 9.13 – citando o profeta Oséias: “Tenho prazer na misericórdia, e não no sacrifício” – Os 6.6. Também em Isaías 58.3ss., ele os crítica, porque se infligiam sofrimentos com jejuns e castigos físicos e exige outras obras: que façam o bem aos pobres, alimentem os famintos, agasalhem os nus, etc. Como Cristo, então, critica aqui os fariseus por causa dessa boa obra que realizam, podem ser vista e beneficiam pessoas próximas?
Resposta: Jesus Cristo não critica a obra em si mesma, e, sim, a mentalidade, a motivação, a intenção dos fariseus com essas obras. Sem amparo na justiça da fé, eles deturpam a obra deles. Eles a ‘enlambuzam’ com sua fé, teologia, culto e piedade que busca, tão somente, sua glória e honra perante o povo e não a realizam por amor de Deus nem da pessoa próxima necessitada – e, sempre haverá pessoas por ajudar. Por isso Jesus Cristo, notificando ao arrependimento e à fé, pronuncia uma sentença breve e insofismável: todas as esmolas, por maiores, numerosas e ricas que sejam, são inúteis e vãs, quando a fé é auto justificada. Ser humano algum agrada a Deus mediante a meritocracia ou a justiça das obras.
Uma pergunta pertinente e necessária é se o vício e defeito dos fariseus não são comuns no mundo presente, sobretudo, entre a gente tida por ‘as melhores’. E quão poucas são as pessoas que fazem boas obras sem procurarem honra ou favor mundanos! Toma todas as esmolas oferecidas em toda a piedade ao modo da justiça das obras e ajuíza quantas são as que não foram / são dadas com esse intento. Sim, o mundo hostil a Cristo jamais aprenderá o que é dar esmolas de verdade se e enquanto buscar honra e méritos diante das pessoas e de Deus. A justiça da fé em Jesus Cristo nos faz dar esmolas sempre sem buscar méritos, perdão.
