Jesus Cristo, o nosso único, suficiente, necessário, indispensável SENHOR e Salvador, disse: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Não expulsamos diabos em teu nome? Não fizemos muitos feitos em teu nome? Então lhes confessarei: jamais vos conheci. Afastai-vos de mim todos, seus malfeitores” – Mt 7.22-23.
No artigo da semana passada eu escrevi a respeito de pessoas em cargos públicos, através das quais acontecem sinais e milagres, dos quais alguns são piedosos, outros, porém, maus, o que nada acrescenta e nada tira do ministério. Que dizes, porém, daqueles que fazem milagres e profetizam, embora não sejam do ministério? Em Lucas 9.49,50, lê-se a respeito de algumas pessoas que faziam sinais, mas que não eram discípulos de Cristo. Os discípulos denunciaram isto a Cristo, dizendo: “Mestre, vimos um homem que expulsa os demônios em teu nome, e nós lho proibimos, pois não é teu seguidor. Ele, porém, lhes respondeu, não Iho proíbam, pois quem não é contra nós, é a nosso favor”, etc. Aí se tratou de uma pessoa individual, à qual Cristo não confiara o ministério da Palavra e Meios do Evangelho. Mas, mesmo assim, diz Ele que não se lho deve proibir e o justifica em Marcos 9.38,39: “Ninguém realiza um feito em meu nome e logo depois prega coisas ruins a meu respeito”.
É verdade Deus não permite que aconteçam sinais por meio de pessoas más, a não ser que ocupem um cargo público, porque Deus, o SENHOR, não concede sinais por causa da pessoa, e, sim, por causa do ofício, que não é nossa posse. Onde, porém, acontecem sinais através de uma pessoa individual, essa pessoa seguramente deverá ser piedosa, assim como também existem alguns que têm revelações especiais por meio de sonhos e visões, etc. Estes sinais, porém, igualmente devem visar ao louvor e à promoção de Cristo e do Seu Evangelho. Portanto, tens aí dois tipos de sinais que são bons e legítimos. Primeiro, os que acontecem através de pessoas crentes, que são cristãs, depois também, os que acontecem através de pessoas más, mas que, não obstante, se encontram no ministério e ensinam corretamente. Mas, que sempre nos deixemos guiar por estes critérios seguros, válidos para todas as pessoas, por amor de Deus, sejam piedosas ou não, estejam no ministério ou fora dele, perguntando se, através dos sinais, Cristo é glorificado e tua fé aumentada. Se, porém, sentires que te remetem a algo diferente como, por exemplo, fazer peregrinações, invocar pessoas ajuizadas como santas, resgatar almas do purgatório e, em suma, confiar em tuas obras e criar uma justiça própria, então dize: se fizesses todos os milagres possíveis de modo que eu os pudesse ver e apalpar, ainda assim, não te creria, pois Cristo me advertiu suficientemente contra isto.
O próprio Deus estabeleceu esta regra em Moisés, Dt 13.1-3: “Quando se levantar dentre vocês um profeta ou um sonhador e te anunciar um sinal ou milagre, e realmente acontecem o sinal e o milagre dos quais falou, e disser: venham, sigamos a outros deuses, que vocês não conhecem, e lhes sirvamos, não deverás obedecer às palavras desse profeta ou sonhador”, etc. Ele também estabeleceu a causa final pela qual se podem reconhecê-los e proceder corretamente. Se quiserem levar-te a instituir um novo culto, isto é, que não fiques com a única, pura e indispensável doutrina cristocêntrica, e, sim, comeces outra coisa ao lado disto, aí não se deve crer, embora chovessem milagres. Ele mesmo o interpreta ainda melhor, dizendo: “Pois o Senhor Deus de vocês os prova, para saber se vocês o amam de todo o coração e de toda a alma”, etc., como se quisesse dizer: Ele quer prová-los para ver quão firmes estão na doutrina já instituída e que já está em voga, com vistas a Cristo.
P. Airton Hermann Loeve.
