É um país soberano e democrático com cerca de 207,7 milhões de habitantes, no geral de índole pacífica e solidária. É o quinto em área territorial, isto é, um país continental com mais de 8,5 milhões de km2, e litoral com 7,3 km de extensão, acrescido do mar territorial que passa de 22 km.
O Brasil é classificado como a oitava economia do mundo e o agronegócio representa mais de 50% da balança de exportação, a caminho do 10º. lugar no ranking internacional de fornecimento de alimentos para o mundo. Somos um dos maiores produtores de grãos e nossa indústria é moderna, desenvolvida, exportadora.
Por isso o Brasil é a principal nação latino-americana e não sem razão um estadista norte-americano disse que para onde pender o Brasil penderá a América Latina. Ainda que possa ter sido uma afirmação com viés político, não deixa de expressar verdade inconteste.
Esses são dados públicos, todos sabem. Mas este país tem características especiais que somente os brasileiros conhecem. A natureza foi dadivosa, dotando de clima diferenciado em todos os quadrantes e solo rico e produtivo que permite plantar de tudo e de tudo colher em todas as regiões, daí a pujança agrícola e pecuária.
A natureza abençoou o Brasil de forma especial. Temos chuva, sol, todas as estações do ano, praias, serras e montes e as mais notáveis regiões turísticas que encantam o mundo. E aqui não temos furacões, tornados e muito menos tsunamis. Tem povo amigo e solidário sempre receptivo a quem queira adotar o Brasil somo segunda pátria, imigrantes de variadas partes do mundo que para aqui vieram – e continuam vindo – a contribuir para o enriquecimento desta nação com trabalho, conhecimento e cultura em geral.
Porém, com tudo isso e muito mais o Brasil vem sendo há décadas dito ‘país do futuro’. Por que esse futuro é sempre adiado e nunca chega?
Acredito que é porque entre os 207,7 milhões de brasileiros há uma pequena, porém influente, parcela que não enxerga muito bem e age muito mal.
Raciocinando sobre o Brasil contemporâneo, isto é, de algumas décadas para cá, constata-se que tivemos um presidente cassado por corrupção, uma presidente afastada por desvio de conduta administrativa, um vice-presidente que assumiu e está sob investigação por corrupção, mal que quanto mais é combatido mais avança, e um ex-presidente preso por corrupção e lavagem de dinheiro.
Isso tudo em meio a crises constantes a ameaçar a governabilidade, governos que não conseguem implantar reformas necessárias, desleixo com a memória do país evidenciado com o recente incêndio no Museu Nacional, instituição bicentenária depositária de parte significativa de nossa história. Tudo acrescido agora por um período eleitoral nada tranquilo e repleto de ações na justiça porque os ataques pessoais cedem lugar ao debate de ideias e propostas.
Públicos, como os dados econômicos, são também as informações sobre desvios éticos dos políticos que têm a responsabilidade de dirigir o país em seus devidos poderes, legislativo e executivo, principalmente, problema que se estende a estados e municípios.
O Brasil vive sob intensa contradição: um ex-presidente da República condenado e preso por corrupção que segue com liderança na preferência eleitoral, embora legalmente impedido de participar de pesquisas e de concorrer ao pleito presidencial. Sistemática e obstinadamente tem ocupado a justiça com repetitivos recursos jurídicos sem consistência. Por fim, a campanha eleitoral é maculada por atentado contra um candidato nos braços do povo, expondo o baixo nível da disputa.
Todos esses acontecimentos, essas situações, pela gravidade que encerram geram intensa e negativa repercussão na imprensa e na opinião pública internacionais, o que acaba contribuindo para afastar os necessários investimentos estrangeiros que oxigenam a economia, alavancam a produção e por consequência a geração de empregos tão importante para o combate ao desemprego e diferenças sociais.
Lamentavelmente, o que se tem visto e a realidade indica é que assim poderá continuar, com governo sem força e prestígio popular, refém de um Congresso negocista que atua em benefícios próprios e ainda o risco presente de a locupletação prosseguir na mesma escala.
Mais grave, uma campanha presidencial que não permite ao cidadão vislumbrar opção capaz de mudar a situação e colocar o Brasil no caminho para se firmar como país do presente, não obstante com todas as condições para isso.
É intrigante constatar que propostas para mudar o que está errado e buscar colocar o país no seu devido lugar não fazem parte da agenda propositiva dos candidatos que se apresentam com disposição de governar o Brasil por pelo menos quatro anos. Aparentemente, a campanha atual é um retrato piorado das anteriores. Os reflexos estão nas pesquisas, mostrando respostas que revelam eleitores descrente, dispostos à abstenção e ao voto branco ou nulo. A reação é compreensível, mas a omissão em praticamente nada ajudará.
O importante é que se não mais acreditamos nos políticos, creiamos no povo brasileiro, na potencialidade do Brasil, na riqueza deste país. Apostemos nas próximas gerações, pois esta que hoje predomina haverá de passar. Mudanças conseguiremos com brasileiros sérios, com gerações comprometidas com o Brasil e sobretudo com ideias novas. Em um país democrático isso passa pelo voto…
O Brasil é controverso em si mesmo, o que levou um analista paranaense a escrever livro cujo título é conclusivo: “O Brasil não é para amadores”. Sem dúvida, como pode uma nação com enorme potencial, com tanta riqueza no solo, no subsolo e na faixa marinha viver política e administrativamente quase no primitivismo? Qualquer pessoa com mínimo senso encontrará a resposta.
Afinal, este é o Brasil, pais de dois pólos em que, infelizmente, o negativo tem sido mais forte.