Assistindo o noticiário do Jornal Nacional no quarto, enrolado entre cobertores numa cama quentinha, vi os estragos que o temporal deixou em inúmeras, milhares de habitações de norte a sul de nosso país. Pessoas perdendo veículos, casas, móveis, emprego, tudo, até vidas.

Aqui em nossa região está mais calmo, e a gente leva a vida numa boa e até sonhando por novas e inúmeras edificações e modificações na cidade. Pensei comigo mesmo que até o meu quarto desde que viemos morar nesta casa, os móveis nunca foram mudados de lugar. Tudo continua na mesma. De tempos em tempos se faz uma faxina das roupas que não se usam mais motivado por alguma campanha ou alguém necessitado e assim vão ficando algumas coisas nos cantinhos esperando um dia a chance de servir para outrem. Perguntei para minha mulher o que achava em fazer uma nova decoração do nosso quarto, usando os mesmos móveis em locais diferentes. Ela achou ótima a idéia e imediatamente buscamos papel e caneta e começamos a medir e desenhar as opções, para ver o que ficaria melhor e agradaria mais o nosso gosto.

Achamos uma opção e para mexer nos móveis teremos que esvaziá-los para arrastar sem riscar o assoalho. Nessa modificação teremos que receber o apoio técnico de um eletricista e de um pintor de paredes. Consequentemente isso tudo vai gerar pó e além de mudar de quarto por um bom tempo vou ter que ficar longe da poeira. Só uma pequena mudança e já teremos trabalho para três pessoas, imaginem!

Além disso, dizem os antigos que a bugiganga de um é o tesouro de outro. Quantos objetos estão escondidos pelos cantos de nosso quarto, que não usamos mais e quantas pessoas gostariam de tê-los.

Por outro lado, limpar a bagunça de nossa casa significa também jogar fora parte de nossas próprias vidas. A incapacidade de tirar dos nossos corações atitudes que nos trazem peso, correspondem, espiritualmente, à nossa relutância em se livrar das tranqueiras em nossos lares. Aquele objeto na cristaleira, está ali há mais de vinte anos, e era um enfeite da mesa do Baile do Movimento de Irmãos e nos lembra momentos felizes entre casais comungando a mesma fé em Cristo. Agora são poucos os enfeites, mas antes eram mais. Por que me retirei do convívio destas pessoas amigas? Cada um de vocês também deve ter algum enfeite de um casamento, batizado, festa ou baile, que lhe recorda um bom momento, mas que está lá no cantinho do seu quarto, no cantinho do seu coração e de repente você vai se perguntar onde estão eles, como estão? Você vai se sentir arrasado.

Putz! Mexer em coisas antigas nos traz um grande sentimento de perca, coisas que poderíamos ter feito, e que agora não conseguiríamos fazer mais. Em compensação, um mundo diferente nos leva a viver mais e com maior ardor que antes. E com muita fé, se acreditarmos em Deus, é lógico.

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Para Pensar:-

A melhor herança que os pais podem deixar é o exemplo de uma vida com valores cristãos.