O Poder do Voto

Quando falamos que o povo merece os políticos que tem, muitos não acreditam. Mas, folheando um livro de Rui Barbosa, durante essa semana, encontrei um texto em que o Águia de Haia versava a respeito do poder do voto.

Interessante notar que, depois de tantos anos, nada mudou. Leia a seguir o texto original.

“O voto é a primeira arma do cidadão. Com ele vencereis. Agora, se vo-lo roubarem, é outra coisa. Com ladrões, como com ladrões. Quando a ofensiva nos arrebata um direito, até onde o exigir a recuperação deste, até aí deve ir a defensiva.

Comem-vos os parasitas, comendo-vos o imposto? Pois é cortardes os mantimentos aos parasitas. Já vo-lo disse. Como? Recusando-vos a pagar os tributos legais? Não: apoderando-vos, pelas urnas, da função legislativa, que é a função do imposto. Quem o não vota, não pode ser obrigado a pagá-lo.

Agora, se vos enxotarem das urnas, se vos tangerem do Parlamento, e, salteando a soberania nacional, vos exigirem impostos, que não votastes, porque não elegestes a quem os votou, isso é outro caso. Com salteadores, como com salteadores. Na guerra, como na guerra. O povo não é obrigado a pagar senão o imposto que votou.”

Depois que li o texto fiquei pensando em tantos projetos votados pelos políticos que elegemos, que constantemente nos provocam revolta. E, partindo-se do princípio de que o político é nosso representante, realmente deve (ou deveria) votar de acordo com a nossa vontade, ou vontade da maioria de seus eleitores.

No entanto, não é nada disso que vemos. Exemplo? A nova CPMF e aumento do número de vereadores. Minha posição não é a favor de nenhuma das propostas de aprovação, mas somente o meu protesto não vai fazer com que os políticos mudem de atitude.

Se quisermos levar a sério a máxima de Rui Barbosa de que “o povo não é obrigado a pagar senão o imposto que votou”, temos que ser cidadãos mais atuantes. Cobrar dos políticos, nossos representantes, que façam valer o salário que recebem: trabalhem a favor da população, seu dever.

Mas, como sempre, o povo acha mais cômodo deixar o “doutor” político fazer o que bem entende.

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