Uma história de um carro encalhado

Na quarta-feira desta semana, dia 23 de setembro, pela manhã, recebemos a ligação de um cidadão lapeano dizendo que seu carro havia encalhado próximo ao trevo de Lapa-Porto Amazonas, em uma rua paralela à BR-476.

O cidadão nos relatou que estava transitando pela rodovia na madrugada de quarta-feira e, quando estava próximo ao trevo, um caminhão jogou luz para ele. Então decidiu sair para a estrada paralela para deixar o motorista passar. No entanto, à noite, não pode ver o estado em que se encontrava o trecho de estrada de chão. Seu carro encalhou.

Na manhã de quarta-feira, ligou para a Secretaria de Obras e Urbanismo e falou com o responsável. Diz o cidadão que foi muito mal atendido. Segundo ele, o funcionário informou que o trecho onde o carro encalhou é de responsabilidade da Caminhos do Paraná e, em seguida, desligou o telefone.

Então, o proprietário do veículo nos chamou. Fomos até lá verificar. Chegamos ao local e, logo em seguida, um carro da Caminhos do Paraná estacionou próximo. Conversando com o funcionário da concessionária, ele nos explicou que o trecho em questão faz parte da área de domínio da empresa, mas a manutenção é de responsabilidade da Prefeitura Municipal.

Segundo o funcionário da Prefeitura, ele se dispôs a tirar o carro do cidadão do local, assim como o funcionário da Caminhos do Paraná. Mas, para o proprietário do veículo, o mais importante não era isso. Era, sim, saber de quem era a responsabilidade pelo trecho e arrumar o local para que não acontecesse o mesmo com outras pessoas.

Mas, como o cidadão do carro encalhado havia sido tratado sem muito tato pelo funcionário municipal, estava nervoso. Aí, quando avistou, da estrada, os funcionários da prefeitura todos nas janelas do prédio municipal (pátio de obras), somente observando a cena, sem nada a acrescentar, ficou mais nervoso ainda. E começou o bate boca, ali mesmo, da estrada e das janelas.

Logo em seguida chegou uma viatura da Polícia Militar. Dois policiais desceram e vieram saber o que se passava. O cidadão então explicou a situação. Quando falava ao PM: “se sua mulher, sua mãe ou seu filho passar por aqui também pode encalhar”, o policial simplesmente falou: “Não, meu filho não vai na zona”.

Todos os que presenciaram a cena (eu e mais três pessoas), foram unânimes: nunca vimos atitude como essa em nenhum policial da cidade da Lapa. Ouvimos constantemente que existe o desacato à autoridade. Mas, naquele momento ficou comprovado que existe o desacato ao cidadão, por parte da autoridade também.

Depois que desaforou o proprietário do carro encalhado, o PM e seu colega foram se retirando do local. Vale ressaltar que, em nenhum momento, as pessoas que estavam no local faltaram com o respeito ao policial para que ele tivesse motivos para agir de tal forma.

Quando já estava com a viatura da PM em movimento, o mesmo policial colocou sua cabeça para fora da janela do veículo e xingou novamente o cidadão.

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O que fica desta história? Bem, para alguns pode ter sido uma historinha boba, em que somente “se lavou roupa suja”. Mas não, caro leitor. A historinha contada mostra fatos comuns na nossa sociedade e que, de forma alguma, não deveriam acontecer. Primeiro: não importa de quem é a responsabilidade pelo trecho onde o carro encalhou. Importa é que esteja transitável e que o problema seja resolvido. Segundo: funcionário público nenhum pode faltar com o respeito com o cidadão que paga o salário do poder público, através dos impostos. Sua função é atender à população, sem faltar com o respeito e procurando cumprir com seu serviço. Terceiro: o policial em questão deveria, antes de mais nada, ouvir o que aconteceu. E em momento nenhum faltar com o respeito com o cidadão. Afinal, naquele momento, a questão não era julgar o que o cidadão fazia, mas o que aconteceu com seu veículo.

Para comprovar o ocorrido, basta ver as fotos. Como você reagiria se acontecesse com você? Pode ser que não tivesse ficado tão nervoso como o proprietário em questão. Mas, com certeza não estaria nada satisfeito em ver que ninguém estava preocupado com o problema.

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