Aproveitando as oportunidades

Desde bem cedo aprendi com meus pais que não se deve temer o desconhecido, mas enfrentá-lo. Ainda lembro-me de meu pai falando: “Vá até lá, tente. Mais do que um ‘não’ você não vai receber. Vá até lá, tente. Mais do que não dar certo não vai acontecer”. Mas enfrentar não é tarefa fácil, muitas vezes. O medo de encarar o desconhecido, a situação nova, faz com que tenhamos vontade de desistir.

Mas, será que temos o direito de desistir diante de uma oportunidade? Temos o direito de não tentar? Afinal, se a oportunidade surgiu é porque temos algum merecimento para isso. E esse ponto pode ser interligado a dois ensinamentos de Deus. Um deles está na Carta de Paulo aos Filipenses (4,13): “Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação”. Não é preciso explicar muito. Não se deve temer, pois Cristo está contigo.

O outro ensinamento é o da parábola dos talentos (Mateus 25, 14-30) sobre aceitarmos nossos dons e fazermos com que se multipliquem. Aí é que entra o questionamento de termos ou não o direito de desistirmos diante uma oportunidade, de não tentarmos. Se os dons são presentes de Deus e Ele nos dá força para enfrentarmos qualquer situação, temos mais é que colocá-los em prática, que aproveitarmos as oportunidades.

Nesta semana, dando uma olhada nos e-mails recebidos, acabei me deparando com um texto enviado pelo Momento Espírita, que permite muitas interpretações e pode se encaixar no tema “não aproveitar a oportunidade”, assim como é interessante para avaliarmos como a sociedade recebe, muitas vezes, as pessoas que estão colocando em prática os seus dons. Muitas vezes sofrem ataques ou desprezo de companheiros, de pessoas próximas. Talvez daqueles que não conseguiram multiplicar seus talentos…

Acompanhe:

“Era a semana da Páscoa. Nunca mais haveria dias de tal significado. O Pastor estava entre os homens e os homens não O identificaram.

Naquele primeiro dia dos quatro últimos de Sua jornada na Terra, Jesus estava no Templo de Jerusalém. Como muitas vezes anteriores, passara o dia a ensinar às gentes que O desejassem ouvir.

E como das vezes anteriores, sofreu os ataques dos sacerdotes, daqueles mesmos que eram os líderes religiosos de um povo ávido de justiça e consolo.

Então, no entardecer, quando o dia começava a morrer, deixando-se abraçar lentamente pela noite, o Mestre demonstrou Seu cansaço.

Não era o cansaço do povo, das gentes sofridas, das dores multiplicadas que Lhe chegavam, em ondas constantes. Era o cansaço por verificar o desprezo à religiosidade justamente dos que deveriam ser os mais interessados na preservação do patrimônio religioso.

E eles desprezavam a mensagem de que era portador o Messias. Num lamento, falou Jesus e o Evangelista Mateus anotou: ‘Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas aqueles que são enviados a ti. Quantas vezes eu quis reunir os teus filhos do mesmo modo que a galinha recolhe debaixo das asas os seus pintinhos! E tu não o quiseste. Eis que a tua casa ficará deserta.’

Jesus se encontrava na capital religiosa do mundo de então, em plena semana da festa religiosa mais importante do ano. Ele era o Rei, o Enviado, o Pastor das almas e eles não se davam conta disso. Todos se preparavam para a comemoração da Páscoa e não aproveitavam a presença celeste entre eles, o Mensageiro mais excelso que a Terra conheceu. Era um momento especial e os homens o deixaram escorrer por entre os dedos.”

Hoje, ainda, existem oportunidades desprezadas por muitas pessoas. Deixam de atender o convite do Pastor para correr em busca de valores efêmeros. Coisas que hoje são valorizadas e amanhã não mais farão parte das coisas importantes. Somente os valores reais são imperecíveis, inalteráveis no tempo.

A serenidade com que Sócrates recebeu a pena de morte que lhe foi imposta é a mesma serenidade que desfrutam todos os que compreendem que a vida é uma passagem rápida por um mundo de formas e inconsistências.

A paz de espírito que movia Gandhi é a mesma hoje, para todos os que abraçam a proposta da não-violência.

O amor ao próximo que motivou Albert Schweitzer a se embrenhar na África Equatorial Francesa para atender aos seus irmãos é o mesmo que moveu Madre Teresa de Calcutá, nas estradas da Índia e nas ruelas do mundo.

Então, de que servem a posição social, o dinheiro, as coisas efêmeras? É preciso reformular ações, para que não nos transformemos em casas vazias. É preciso utilizar os dons que Deus nos deu para o bem da comunidade. Assim veremos que as chances de crescimento devem ser aproveitadas, porque nunca acontecerão da mesma forma ou na mesma intensidade.

-o-o-

Para pensar:

“Os únicos limites que eu tenho na vida, são os limites que coloco em mim.” (Nick Vujicic – nasceu sem os braços e as pernas)

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre à margem de nós mesmos”. (Fernando Pessoa)

Aramis Gorniski

Esta coluna foi iniciada pelo jornalista Aramis Gorniski, que ficou responsável pela sua redação desde a fundação deste Pequeno Grande, em 06 de junho de 1976, até poucos dias antes de seu falecimento, ocorrido em 15 de janeiro de 2010.

A partir da edição 1583 seu nome não aparecerá mais ao lado do nome da coluna, mas sua fotografia continuará na chamada de capa. O Bate Papo Informal nunca mais será como o de Aramis, mas a equipe da Tribuna Regional espera sinceramente, que de onde o fundador do jornal estiver, esteja aprovando os escritos deste espaço.

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