Em busca da Lapa perdida

Os alunos de Língua e Literatura do CEEBJA Paulo Leminski realizaram a releitura do conto “Em busca de Curitiba perdida”, do autor paranaense Dalton Trevisan, escrevendo as peculiaridades de nossa terra e resgatando memórias de infância que estavam meio esquecidas. Deliciem-se com as memórias dos alunos. Boa viagem!

Em busca da Lapa perdida

Josiane Aparecida Lima Batista

Lapa que não tem mais pinheiros, esta Lapa  eu viajo. Lapa das ruas puras e sossegadas eu viajo, esta Lapa é para os turistas verem…

Viajo a Lapa como os visitantes não viajam, a Lapa informada que o turista não vê, a Lapa que sabe tudo pela  Legendária AM, até as notas de falecimento, esta Lapa eu viajo.

Também viajo a Lapa que tem tudo: a Lapa do tráfico de drogas, da prostituição, da violência e das gangues de rua, esta Lapa turista não vê…

Os bailes da 3ª idade… é de dia para distração dos idosos, mas os velhinhos tão mais é pensando em novos casamentos!

Também viajo a Lapa das coisas boas: comida típica, bem forte “virado de feijão, quirera, coxinha de farofa e  rosquinhas”.

Em minha Lapa tem trator e tem carroças que desfilam por aí como veículos de transporte. Leite entregue na porta, como antigamente… Cavalos criados na cidade, nos terrenos baldios…

Viajo a Lapa das histórias da minha infância, a Lapa das lendas contada por meus pais em volta do fogão à lenha tomando mate…

Viajo a Lapa como ninguém. Viajo a Lapa dos bêbados e dos andarilhos todos conhecidos pela cidade…

Esta é a Lapa que viajo e que turista nenhum a vê!

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Em busca da Lapa perdida

Mariana de Fátima Lima Goll

Lapa, grandiosa cidade pequena, rica em beleza, minha cidade legendária…Cidade em que se come bem, em que se tem fartura no arroz e no feijão. Cidade de um povo simples e muito hospitaleiro, onde se toma um bom mate e uma boa panelada de pinhão!

É uma cidade encantadora, típica para inglês ver! Casarões bem conservados, praças iluminadas, igreja histórica, culinária cheirosa: viradinho de feijão, quirerinha no fogão à  lenha, coxinha de farofa e uma rosquinha bem sequinha…

Lapa, cidade de peças raras, como o ‘Corvinho’, recentemente falecido, com características semelhantes ao do  seu apelido… o falecido ‘Tchá’ que gritava este bordão pelas ruas da cidade, já extremamente alcoolizado… Também o ‘Bença’ que com seus versos de improviso deixa acanhada as moças da cidade, mas também corre o  risco de apanhar de um marido mais enciumado…

O que não é para turista ver são as coisas  tristes desta cidade: prostituição, drogas, ladroagem…. coisas que, infelizmente, existem em todos os lugares.

Quando viajo para a Lapa penso em coisas boas de se lembrar…sossego daquele lugar,, cavalos pelas praças, tratores a trafegar entre os carros, crianças jogando bola e, também, o canto do sabiá…

Lapa, cidade histórica, rica em belezas; cidade sossegada… não a bonita, arrumada, só para turista ver. A outra  Lapa, ah, eu sempre vou lá com o meu amor…

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Em busca da Lapa perdida

Cleonice Aparecida Ricetto da Silva

Lapa com suas histórias e contos, eu viajo. Lapa com seus campos e casas antigas, eu viajo. Com carroças antigas, andando pelas ruas estreitas entregando lenha, verduras e frutas, leite, manteiga , nata fresca, queijo e requeijão, ah, eu viajo…

Lapa que tem o seu monge, um senhor de estatura baixa, magro e de barba bem branquinha, batia nas casas pedindo  o que comer, abençoando as pessoas e o lar destas, morava numa gruta, longe do centro da cidade… A Lapa que viajo tem clubes, um único teatro tombado pelo patrimônio, a casa Vermelha – a casa mais antiga da cidade… Pantheon dos Heroes, a bica do Quebra-Pote em que os escravos buscavam água para beber…

Tenho saudade da Lapa em que as mulheres cuidavam de suas casas e à tarde passeavam na casa das vizinhas para tomar chimarrão e por a conversa em dia. As crianças brincavam sem maldade e as mães não pensavam na violência urbana… Uma cidade pequena  com ruas estreitas, mas com uma grande opção de culinária: é o torresmo, o virado de feijão, a couve e o toucinho, a coxinha de farofa e  a rosquinha. Lapa eu viajo! A Lapa da Santa Missa aos domingos; a Lapa do sossego de se andar pelas ruas sem ter pressa de chegar…

Lapa, do Bença, do Corvinho, do Tchá, do Índio, da Maria do Cavaquinho e vários outros que já fazem parte do folclore lapiano.

Lapa, hoje, ainda se tem tranqüilidade, mas saudades deixou em minha juventude que já foi.

Lapa dos meus sonhos eu viajo.

Como amo a Lapa, meu lar, minha cidade, que não é para inglês nenhum ver…

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Em busca da Lapa perdida

Leuzi Ap. Grodoviski

Viajo a Lapa de todos os dias, a Lapa de todos os lapianos, não a Lapa para turista ver.

Viajo a Lapa da gastronomia tropeira: o virado de feijão com ovo frito, o pão com salsichão e gaso vermelha.

Viajo a Lapa das lendas, das histórias da serpente da matriz, das promessas ao Monge.

Viajo a Lapa dos moradores de rua que ficaram na história: Corvinho, Tchá, Índio, Maurício, Bença… Viajo a Lapa dos perigos da noite,das gangues , do tráfico de drogas, do crack, da prostituição…

Mas também viajo a calma Lapa, da sua clamaria diurna, das carroças que ainda passam, dos tratores que desfilam pela avenida, dos cavalos criado nos lotes vagos…

Lapa dos bailes da terceira idade no Congresso, do 7 para os jovens se divertirem e arranjarem namorada…

Lapa que ouve a Legendária para saber quem  morreu, o povo sabe tudo sobre todos. Cidade pequena, todos conhecem todos e cidade de muita fofoca…

Esta Lapa eu viajo…

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Em busca da Lapa perdida

Leoni S. Do Valle e Mariane Taborda dos Santos

Viajo a Lapa com suas ruas de barro, suas carroças que levam pão e leite na porta das casas, casas estas feitas de  pedra rosa trazidas do monge…

Ah, esta Lapa eu viajo, Lapa que trazia pela fé muitos devotos do Monge João Maria…

Viajo a Lapa gaúcha, terra do chimarrão, terra da Mátria-fumaça, do monjolo onde era o feito a farinha e o fubá.

Viajo a Lapa do sangue dos muitos combatentes inocentes, entre maragatos e pica-paus… Viajo a Lapa amaldiçoada porque assassinou o Padre Pinto… A cidade que não evolui por causa dos fantasmas dos mortos inocentes…

Viajo a Lapa de muitos heróis e de pouco progresso…de muita história e pouco sucesso…

Viajo a Lapa de suas lendas vivas e mortas…. A Lapa da serpente da matriz, a Lapa dos moradores de rua com  suas falas de impacto: TCHÁ!

Viajo a Lapa das fábricas de foguete, da fábrica Imalasa e das madeireiras do Gasparin…

Lapa eu te viajo…

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Em busca da Lapa perdida

Maria de Lourdes Gonçalves e Maria de Lourdes Opólis

Lapa, eu viajo… Viajo a Lapa do colégio das freiras, das meninas de saia pregueada, suspensório e sapato colegial… Esta Lapa eu viajo…

Viajo a Lapa ainda da era do rádio, sem televisão, a Lapa que escutava rádio-novela pela rádio Legendária…

Ou a Lapa dos primeiros aparelhos de tevê,  em que toda a vizinhança se reunia na casa do vizinho para assistir à novela Saramandaia.

Viajo a Lapa sossegada, sem os perigos de hoje, a Lapa em que brincávamos na rua… a Lapa que tinha liberdade e sem perigo para viver…

Ah, esta Lapa eu viajo e como!

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