Saturation

Faturation, faturation… Era meu neto de cinco anos cantando, enquanto eu o levava para a escola. Nossos marqueteiros são realmente geniais. Souberam aproveitar o clima de copa do mundo e tornaram o rebolation dos garotos do Santos num bem-bolado jingle. Por não ter a genialidade dos marqueteiros, limito-me a transformar seu jingle. Saturation, saturation… Vivemos uma enxurrada de futebol. Um mês antes da Copa já éramos submetidos a uma lavagem cerebral. Estamos saturados. Os grandes estrategistas da comunicação precisam entender que exageraram na dose.

Até parece que todos os problemas acabaram, que foi descoberta a cura para o câncer, que não há mais políticos corruptos, que não foram graves as recentes tragédias em Pernambuco e Alagoas. Devemos nos preocupar apenas com a qualidade da Jabulani, com as vuvuzelas e com o apartheid. O resto, num passe de mágica, foi parar na cartola dos cartolas. No país da Copa, há batalhões  de repórteres, com efetivos maiores do que a também numerosa comitiva da seleção, que, além dos atletas e da comissão técnica, inclui dirigentes e seus apadrinhados. O elevado custo da cobertura jornalística é bancado por grandes empresas.

Logo, os profissionais que lá estão têm que mostrar serviço. Na guerra pela audiência, acreditam que tudo é válido. Cassam os pobres(?) jogadores por todos os cantos. Qualquer declaração é transformada numa bomba, cujo alvo somos nós, pobres (agora  sem interrogação) cidadãos, submetidos a incessante bombardeio.

Recordemos do que aconteceu na Alemanha. Nossos atletas eram mostrados sambando no ônibus que os levava aos estádios. A felicidade era de quem comemorava uma conquista antecipada. Um oba-oba frente às câmeras, sob a aquiescência de Parreira e seus asseclas, que confundiam carnaval com futebol. Tudo ia bem, até o gol de  Henry. Vive La France! Adeus carnaval. Adeus Copa.

O desastre de 2006 levou a CBF a uma decisão radical. Desde cedo, Dunga vem recebendo críticas, que persistem  apesar da sequência de vitórias. Vacinado, ele tem procurado preservar os jogadores do assédio dos que terão que prestar contas aos patrocinadores. Do recente entrevero com um repórter, resultou, pelo menos na internet, um maciço apoio a Dunga. Chegaram até ao exagero de sugerir que se erguesse uma estátua em sua homenagem.

Passamos do ponto de saturação futebolística. Só falta os mais jovens estarem pensando que vuvuzela seja uma novidade e, como tal, seu terrível ruído volte aos nossos estádios para saturar nossos ouvidos. Parafraseando o “sábio filósofo e comentarista Neto”: “É brrrincadeira”!

() General da Reserva

http://www.bonat.com.br

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