O amor que faz lutar pela vida

Encerrando a Semana Nacional da Vida, uma palestra com uma mãe que falou sobre a sua luta pela vida de seu filho, a luta pela valorização da vida.

A engenheira Adriane Loper participou das comemorações da Semana Nacional da Vida, no dia 8 de outubro, dia do nascituro. Neste dia, Adriane, que é de Londrina, veio para a Lapa para dar palestra sobre o valor da vida na APAE e também no Cine Teatro Imperial.

A profissional está se especializando em Ecologia Humana e veio contar aos lapeanos um pouco de sua experiência de vida, já que teve um filho com necessidades especiais, que viveu por nove anos e meio dentro da UTI do Hospital Pequeno Príncipe.

A luta pela vida de seu filho começou quando ele tinha apenas alguns meses de vida e o médico fez o diagnóstico, dizendo que ele não teria mais que um ano de vida. Este profissional orientou a mãe, dizendo que não haveria o que fazer e que era para deixar o que tinha para acontecer, acontecer.

Adriane não se conformou e foi atrás de informações sobre a doença de seu filho. Ele foi internado na UTI e ali viveu toda a sua vida – 9 anos e meio. Dentro da Unidade de Tratamento, no início, as mães só podiam ver seus filhos duas vezes ao dia, por períodos de 15 minutos. Não era possível levar às crianças sequer um brinquedo. O filho de Adriane possuía necessidades especiais no corpo, mas a mente era sã.

Com muita luta e brigas, a mãe foi tendo suas conquistas: primeiro mudar a questão das visitas. As mães deveriam entrar a qualquer hora para ver seus filhos. Depois, os brinquedos. Porque uma criança, mesmo na UTI, não teria direito a um ambiente mais alegre, festivo?

A “mãe louca”, como ela mesma se denomina, foi conquistando pequenas mudanças na vida daquelas crianças internadas e, também, na vida de seus familiares. Ia onde fosse preciso para conseguir melhorar a situação dos internos. Chegou a derrubar a porta da UTI a chutes para ver seu filho num dia em que o seu estado não estava bom. Tanta determinação e luta para que os profissionais da saúde valorizassem mais as vidas que estavam dentro daquela unidade surtiu efeito. Hoje, nenhuma mãe passa pelo que ela passou no início. A força e coragem de se levantar e correr atrás de pessoas e recursos para que os pacientes tivessem direito ao remédio adequado e uma vida mais digna dentro do hospital surtem efeitos ainda hoje.

Uma verdadeira lição de humanidade, de amor, de carinho e cuidado com o próximo. Uma lição para as famílias que viram a coragem de Adriane. Uma lição para os profissionais que a acompanharam, percebendo que por trás de uma doença existe, antes de tudo, um ser humano, uma vida.

Durante as palestras, fotografias de seu filho foram mostradas aos presentes e contados trechos emocionantes do período em que acompanhou o seu filho dentro da UTI. Hoje, Adriane é mãe de uma menina de seis meses de vida.

E, na quinta-feira, dia 7 de outubro, Adriane deu entrevista, falando sobre a Ecologia Humana e um pouco sobre o valor da vida.

– Como podemos aplicar a ecologia humana na nossa rotina?

Adriane: Quando estamos falando em ecologia humana, estamos falando em vida. Então nós temos que nos valorizar como seres humanos, este dom tão precioso que nós recebemos de Deus. Então nós temos que criar hábitos saudáveis, nós podemos escolher o que pensar, o que falar, a forma de agir, pois afinal quem decide o que você vai pensar, o que você vai falar, ou como você vai agir é você mesmo. Então a gente tem que se livrar dos pensamentos e ações que façam mal. Jesus falou: “amai ao próximo como a ti mesmo”. Então, o que a gente chama de ecologia humana envolve o ser humano, mas com os seus sentimentos mais elevados e a vida. Eu digo isso porque eu passei por experiências doloridas na vida, como ter um filho com necessidades especiais, superar a morte de um filho… Mas acho que tudo isso foi um aprendizado, não foi por isso que eu me tornei uma pessoa amarga ou vou culpar o mundo, a natureza, em função do meu sofrimento.

– Como você vê as suas experiências doloridas em relação à vida?

Adriane: Eu acredito que a gente tem que sempre transformar as nossas experiências doloridas em aprendizado.

– Suas considerações sobre o dia do nascituro e a ecologia humana.

Adriane: Antes de mais nada é preciso explicar o que é o nascituro. Nascituro é aquele ser que está no ventre da mãe antes de vir ao mundo, antes de nascer. Trata-se de toda a formação do embrião que vai crescendo. E nós temos que ter consciência de que a partir do momento em que ele está dentro da barriga da mãe, está sendo formado, tem direitos, tem que ser respeitado, ele tem dignidade… Enfim, ele é uma vida que está brotando, é um bem precioso de Deus. E o mais importante é o seguinte: quando nós mulheres engravidamos não sabemos o que vai acontecer. O importante é que da maneira que ela venha, seja o que chamam de imperfeito ou não, que ela seja honrada, pois os filhos são uma bênção. E a gente não sabe do futuro, então esta vida tem que ser respeitada, por se tratar justamente de uma vida.

– Uma mensagem sobre a valorização da vida.

Adriane: Eu vou citar um pedacinho de Chaplin, que acho que cabe aqui neste tema. Ele diz: “Tive tanto medo de perder alguém especial e acabei perdendo. Mas sobrevivi e ainda vivo. Não passo apenas pela vida. Bom mesmo é ir à luta com determinação. Abraçar a vida e viver com paixão. Perder com classe e vencer com ousadia. Porque o mundo pertence a quem se atreve. E a vida é muito para ser insignificante.”

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