Certa vez um homem, já no final de sua vida, após ter passado sua existência acumulado riquezas, sentindo que seu fim estava próximo, chamou seu único filho que era fruto de um relacionamento do passado e que era seu único herdeiro, pois nunca se casara, filho este que fora educado nos moldes do pai e lhe disse: Filho estou no final da vida, vou deixar tudo o que conquistei para você administrar, só espero que você consiga o maior tesouro que o ser humano pode ter e logo em seguida faleceu.
O filho herdeiro, que já era ambicioso passou a dedicar todo seu tempo, sua atenção e até seus sentimentos em busca de negócios sem medir conseqüências para cumprir a recomendação de seu pai, e sem ninguém ao seu lado, sem amigos, a vida foi passando.
A fortuna aumentando, a velhice chegando e ele só, pois não teve tempo para amar, não se casou, não teve filhos, adoeceu e foi acolhido em uma casa de idosos, encaminhado por um distante parente, e seus bens passaram a ser alvo de disputas por esfomeados pretensos herdeiros, que impediram judicialmente até que fossem doados para a instituição que lhe acolhia.
Por ocasião de uma festividade fora da instituição, onde estava sendo homenageado um outro idoso. Foram todos os acolhidos pela instituição convidados e conduzidos para a festividade pelos seus cuidadores.
No local do evento estava sendo homenageado um cidadão, que ao ser nominado, o nosso personagem principal lembrou que o conhecera e foram amigos num passado bem distante.
O homenageado entrou no salão acompanhado por sua esposa, filhos, netos e bisnetos. Naquele momento se materializou para o nosso idoso a mensagem de seu pai.
Com algum esforço se aproximou e após algumas dificuldades de comunicação se apresentou e disse com os lábios trêmulos, que absorviam as lágrimas que deslizavam pelo labirinto de rugas de sua face.
– Você é possuidor do maior tesouro do ser humano, “A FAMÍLIA”.
Será que estamos construindo nosso tesouro?
Jurandir Baggio
é membro da Primeira Igreja Batista (PIB) da Lapa, num momento de reflexão.
