Moradores da Mariental exigem ligação de poços artesianos na localidade

Após problemas com água contaminada no ano passado, Associação de Moradores entrou com ação na justiça exigindo uma alternativa para os moradores.

A Associação de Moradores de Mariental decidiu tomar atitudes perante a Sanepar desde que ocorreu o incidente da água suja fornecida pela empresa no mês de setembro do ano passado. Os moradores entraram com ação na justiça pedindo que se coloque em funcionamento poços artesianos na região para que, havendo problemas semelhantes, possam receber água de qualidade, sem transtornos.

De acordo com o presidente da Associação, José Augusto Hammerschmidt (Zeca), “primeiramente a população teve uma indignação plena, porque a Sanepar como empresa de economia mista tem por obrigação prestar um serviço de qualidade que não cabe a nós questionarmos. Então acreditamos que estamos tendo água de qualidade, mas isso não vem acontecendo. Já não é de agora. Nós perdemos a credibilidade na Sanepar”.

A Associação oficiou o Ministério Público para que tomasse as providências, investigando o que ocorreu no período, se houve crime ambiental ou dano ao direito do consumidor. Os moradores também entraram com ações no juizado especial cível pedindo que a Sanepar ligue os cinco poços artesianos que estão perfurados, segundo Zeca, desde 1993. “Se esses poços estivessem ligados, a população do Feixo e de Mariental não teria sofrido o problema com a contaminação de efluentes”, afirma o presidente da associação.

Questionado a respeito do posicionamento do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Zeca afirmou que a associação entrou em contato com o órgão para denunciar o ocorrido. No entanto, como a Sanepar já havia feito contato, não aceitaram a solicitação dos moradores. “O IAP veio e não coletou a amostra da água para que fosse especificado ou evidenciado o problema”, afirma Zeca.

Sobre o posicionamento da Sanepar sobre o fato, ele explica que a Associação oficiou a empresa para que isentasse a tarifa de água daquele mês. “Ficamos três dias sem água e quem usufruiu da água naquele período, crianças por exemplo, ficou doente. Não podemos comprovar que foi motivado pela água, mas acreditamos nisso”, relata Zeca.

Sobre a motivação da contaminação da água, o presidente afirma que ainda não há resposta, pois não há laudo do IAP que informe a qualidade da água no período.

Nas audiências realizadas até o fechamento desta edição, as partes não haviam entrado em acordo. “O nosso objetivo não é afrontar a Sanepar, mas fazer com que a empresa perceba que a sociedade está organizada e que estamos exigindo um direito que é nosso, uma água de boa qualidade”, frisou Zeca.

Em 2 de setembro

Na quinta-feira, dia 2 de setembro de 2010 os moradores da região de Mariental começaram a perceber algo diferente na qualidade da água vinda pelas torneiras de suas casas. A princípio um forte mau cheiro, lembrando podridão.

Alguns moradores relataram à Tribuna que até a limpeza de casa não podia ser feita, pois o mau cheiro se impregnava em tudo. Os moradores entraram em contato com a Sanepar pedindo uma solução para o problema. A empresa, que a princípio não sabia o que havia ocasionado o transtorno, foi até a localidade para verificar a qualidade da água e tomar providências.

Chegando no local de captação de água de Mariental, os responsáveis pela Sanepar perceberam uma grossa camada de matéria orgânica na água e fizeram a coleta do material para verificar do que se tratava. O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) também foi acionado.

Pelo que tudo indicava, o problema havia surgido por conta da ruptura de um cano de esgoto de uma empresa localizada na região. Com a ruptura, os produtos químicos utilizados e todo o resíduo da empresa foram lançados no rio que abastece o reservatório da Sanepar na localidade. Quando o problema foi percebido pelos moradores, toda a água que seria tratada pela Sanepar já estava contaminada.

A Sanepar acionou todos os seus funcionários para que fosse transportada água, vinda dos reservatórios da Lapa, com caminhão pipa até o reservatório de água onde é feita a distribuição na região.

Mas, ainda assim, foi um final de semana complicado para os moradores. Mesmo com as providências tomadas pela empresa de saneamento, o fim dos problemas não foi tão breve. Um fator que agravou a situação foi a falta de chuva, pois para amenizar realmente o problema seria necessária a limpeza total do local de captura da água.

A população foi orientada a esvaziar e limpar as caixas de água, para que, normalizada a distribuição, as residências recebessem água potável novamente. Mas a operação deu bastante trabalho e transtornos aos moradores. Além da limpeza das caixas de água, era preciso limpar novamente as casas, os utensílios domésticos e as roupas que haviam sido lavadas com a água contaminada. Neste período, alguns moradores tiveram que procurar ajuda médica, pois passaram mal após ingerirem a água mau cheirosa.

A companhia de saneamento colocou à disposição da população água de poços artesianos da região. No entanto, por conta da necessidade de limpeza das casas, caixas de água e utensílios, a água não seria suficiente.

Com isso, os moradores tiveram que buscar ajuda na região. O distrito de Mariental conta com dois postos de gasolina da Potencial, que possuem poços artesianos. Foi nestes locais que a comunidade pode receber auxílio. O Vereador Carlinhos relatou que uma caixa de água com 10 mil litros de água acabou em menos de uma hora, tamanha foi a procura por água.

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