Pois é, meus companheiros, cenas jamais vistas pelos meus olhos e por todos os seres da Terra se transcorreram como a maior tragédia ambiental na história do Brasil em todos os seus 500 anos. E até, porque não dizer, jamais vista por qualquer ser humano na história do homem.
Cidades no sopé da montanha, casas construídas em toda elevação dos morros e montanhas com inclinação de mais de 45º e um turbilhão de água de chuva, descendo em fúria inimaginável, levando morro abaixo casas, prédios, blocos de cimento armado, como se fora folha de papel, ou um palito de fósforo, levados por um tufão da natureza.
Pois bem, companheiros, milhares de casas, prédios, carros, ruas, praças, nada na frente da enxurrada da natureza era capaz de resistir ao cataclismo da natureza.
Os seres humanos ali perplexos, desesperados ouvindo tamanha fúria, tentam correr para se salvar. Mas, correr para onde?! E a avalanche se aproxima e leva tudo abaixo.
Cenas horríveis e desesperadoras… Ver sua casa demolida em poucos segundos, outros vendo sua esposa, seu marido, seu filho, pai, mãe, irmão, irmã, encobertos e mortos por enormes blocos de pedra ou escombros de barro ou sendo levado pela correnteza, numa imagem tão dramática quanto à dor que a alma humana possa sentir.
Eu já vi tanta coisa na minha vida, mas nunca imaginei que uma chuva refrescante ou um rio tão romântico, tão sereno, tão encantador que possa se permitir pescar um peixinho, pudesse se transformar numa fúria tão grande, que o ser humano no seu instinto de guerrear num campo de batalha, pudesse se tornar tão indefeso ante a força da natureza!
A artilharia da natureza, com seus raios e trovões, seus coriscos e relâmpagos associados com a fúria de seu ataque, deixaram maior a destruição material, um desespero, um pavor nunca imaginado por ninguém, pois uma pessoa ver seu ente querido sendo arrastado pela correnteza sem nada para fazer, não se tem comparação com nada.
Não tenho mais condição de continuar a escrever esta narração, pois a emoção chegou ao extremo.
Que Deus dê o consolo a quem perdeu tudo, e mais que tudo, perdeu um amigo, conhecido, um ser de seu coração.
Abdalla João Dardaque, Sub Ten R/1