Lendo a Gazeta do Povo do dia 2 de março, me deparo com a notícia “Tiririca diz que vai ajudar muito a Comissão de Educação”. A chamada me intrigou. Aquele que apareceu tanto na mídia, em meio a discussões se seria ou não analfabeto, agora na Comissão de Educação? E ainda, dizendo que vai ajudar muito?

Ele é, desde a última quarta-feira, o titular da referida comissão. “Sou um cara que tem uma vivência muito grande, graças a Deus. Exerci como palhaço de circo, sustentei seis filhos e estou aí até hoje. Então, eu tenho muita história, muita coisa para ajudar”, afirmou o deputado. Sem fornecer detalhes, Tiririca disse que está trabalhando em seu primeiro projeto na Casa, voltado para o circo e os artistas populares.

Críticas à parte, questionamentos à parte. Vale uma reflexão sobre esta situação: o que não se costuma perder é a esperança, não é mesmo?

Então, parei para pensar sobre a esperança de o Tiririca – que disse que a imprensa “confunde o palhaço no trabalho lá, com aqui” – não se corromper em meio a tanta bandalheira, em meio ao dinheiro fácil. Uma esperança bastante pequena, sem dúvida, mas que seria ótima se virasse realidade. Tiririca disse ainda: “aqui é outra coisa, não pode brincar aqui, porque tem o negócio do decoro”.

Já parou para imaginar, caro leitor, o palhaço que está representando o povo brasileiro, que muitas vezes passa por esse papel no dia-a-dia, se ver bem representado, verdadeiramente bem representado por ele?

Seria sonhar demais… Pois, além das grandes chances de se corromper, ainda há as grandes chances de ver o político inexperiente ser manipulado pelos “profissionais”. Ou ainda, ter ótimas intenções, conseguir superar suas dificuldades, mas não conseguir aprovar seus projetos por não aderir ao “jogo político”.

Infelizmente, a eleição do Tiririca traz à tona duas hipóteses: do cansaço da população com a situação política brasileira; e da falta de consciência dos eleitores em escolher tal pessoa para o cargo.

Nas duas opções, pode-se dizer que falta ao povo buscar se superar. Superar a ignorância, superar o desânimo. Buscar formas de praticar de fato a cidadania e não somente entregar tal poderio a uma pessoa que, muito provavelmente não é qualificada para o cargo.

Acredito que um país melhor deve começar exatamente em nós mesmos. Antes de exigirmos que o Tiririca, agora nosso representante, se supere, devemos nós nos superarmos. Há algo de errado acontecendo em seu município, seja em questões de segurança pública, saneamento, educação? Então, não fique de braços cruzados. Não espere que resolvam por você. Busque soluções, formas de fazer com que as leis sejam cumpridas.

Quiçá o Tiririca dê uma lição ao povo brasileiro, se superando, se mostrando um bom parlamentar, exercendo com competência o comando da Comissão de Educação. Nada se paga por sonhar um pouco.

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“A maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas aquilo em que ele nos transforma.”