A Matriz, origem do povoado da Lapa

A igreja que nasceu e cresceu junto com a Lapa, são 252 anos de fé e tradição.

A cidade dos heróis, de um povo simples, gentil e hospitaleiro também guarda uma fé inabalável. No dia 13 de junho comemoramos o aniversário da Lapa, mas também celebramos a data da construção mais antiga do município, a Igreja Matriz de Santo Antônio. A igreja nasceu e cresceu junto com a Lapa, são 252 anos de fé e tradição. De origem ligada ao tropeirismo, a Lapa é um dos municípios mais antigos do Paraná e teve sua colonização iniciada por Portugueses. Quando eles chegaram aqui em nossas terras, trouxeram para cá como patrono o compatriota Santo Antônio, que é português nascido em Lisboa no dia 15 de agosto de 1195 e foi canonizado Santo em 1232 pelo Papa Gregório IX.   

A CONSTRUÇÃO

A construção da Matriz é do século XVIII e foi erguida entre os anos de 1769 e 1784, tombada pelo IPHAN em abril de 1938, é Patrimônio Nacional. A igreja foi construída quando ainda existia escravidão no Brasil e toda sua estrutura foi pensada em atender as necessidades da época. Inicialmente a técnica usada para construção foi a de “taipa de pilão” (terra úmida comprimida entre tábuas móveis, retiradas após escoamento da porção líquida, para em sucessão serem repostas. A partir de 1880 se fez uso de pedra (retirada em grande parte dos paredões do Parque do Monge) e de cal. Em uma parte da igreja, as pedras da construção estão amostras no chão. A planta retangular é dividida em nave, capela mortuária e aos fundos a sacristia. O telhado é em duas águas na nave e capela mortuária. Ao lado esquerdo da fachada, a torre sineira é recoberta por telhado em quatro águas.

CURIOSIDADES

Marco arquitetônico mais antigo da cidade, a igreja Matriz guarda muitas curiosidades. Uma delas é que na época da escravidão, os senhores iam assistir à missa e levavam seus escravos para assistir também, mas eles ficavam isolados, presos e acorrentados.

Durante o Cerco da Lapa, a igreja serviu de cemitério, tendo abrigado entre outros os túmulos provisórios dos “heróis” General Carneiro, Coronel Cândido Dulcídio e Amintas de Barros. Conta a história que havia um poço na construção da Matriz, e durante o Cerco da Lapa, aqueles que eram mortos na Praça General Carneiro eram trazidos para dentro da igreja e os soldados eram depositados neste poço. Isso perdurou até metade do século passado, aonde foi construído o Panteon dos Heróis e ali depositados os restos mortais.

A Matriz apresentaum espaço muito acolhedor em seu interior, imagens de Santos cobrem as paredes, alguns trazidos da Europa, como a de Nossa Senhora das Dores, que é do fim do século XIX, vinda de Portugal.Uma das relíquias guardadas com carinho na igreja, é a imagem do Cristo morto que fica dentro do altar (um antigo costume das igrejas). A imagem é do final do século XIX, ela fica guardada ao longo do ano, na oportunidade da semana Santa ela é retirada desse lugar, é colocada em uma cruz e levada a celebração do povo.

A Matriz possui uma relíquia viva de Santo Antônio guardado como jóia, trata-se de um osso do Santo. Outro fato importante, é que no final dos anos 90, a igreja recebeu a visita das cordas vocais do Santo Antônio, considerada pelos religiosos como uma relíquia de 1º Grau.

Um dos mais célebres e talvez o mais longevo pároco da Lapa, que ficou muito conhecido pelo seu trabalho aos mais humildes foi o Monsenhor Henrique Osvaldo Falarz, que durante quase 50 anos cuidou da igreja. Com seu jeito simples de ser, realizou um grande trabalho social na Lapa, cuidando dos mais necessitados, além de deixar um grande legado espiritual para a Paróquia de Santo Antônio.

Um fato deveras importante foi, em meados dos anos 80, o roubo da estátua original de Santo Antônio, que era trabalhada em ouro e tinha sua origem nas técnicas dos antigos santeiros. Até a presente data, nenhuma pista da sagrada imagem foi encontrada. Foi motivo de grande tristeza para a comunidade católica local e regional, que via na imagem um tesouro sagrado.

Após 252 anos da construção da igreja, a fé dos lapeanos continua a mesma. Santo Antônio continua como padroeiro da comunidade e protege os lapeanos e visitantes.

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