Potencial mira o mercado de extração de óleo de soja

Grupo paranaense, que teve origem no ramo de distribuição de combustíveis, prepara caminho para se consolidar no setor de energia.

Há pouco mais de um ano, a Potencial Biodiesel, unidade de negócio do Grupo Potencial, anunciou que mais que dobrou a capacidade produtiva de sua usina na cidade da Lapa, Paraná. A empresa, que atingiu a marca histórica de 900 mil m³ por ano, reconhece que esse movimento é parte de uma estratégia que pretende posicionar o grupo, que teve origem no ramo de distribuição de combustíveis, entre os grandes players do mercado de energia do Brasil. Segundo o diretor do Grupo Potencial, Carlos Eduardo Hammerschmidt, os próximos passos consistem em mirar no mercado de extração de óleo de soja e, a longo prazo, o mercado de etanol. “Em 2012, quando entramos no segmento de biodiesel, o mercado passava por uma crise e conseguimos sobreviver porque estávamos preparados para essa situação. Sempre avançamos de acordo com um sólido planejamento e já tínhamos em mente o plano de nos tornarmos o maior player de Biodiesel do Brasil. Notoriamente, o mercado de energia está passando por um momento de transição e a Potencial quer se posicionar não mais como uma empresa de combustíveis, mas como uma de energia”, manifesta.

Matérias-primas

O Paraná é o segundo maior produtor de soja do Brasil. Além disso, o Estado conta com esmagamento e bastante óleo disponível. “Mesmo diante desse cenário positivo, não queremos mais ficar dependentes do mercado, por isso vamos montar uma planta de extração de óleo de soja”, alega. O Grupo Potencial pretende ter essa unidade pronta até 2023. “As coisas vão acontecer em partes, mas o projeto como um todo vai custar cerca de R$ 1,5 bilhão. Será um novo negócio que vamos agregar ao Grupo, assim como fizemos com a glicerina. Atualmente, a Potencial Biodiesel é uma empresa autossustentável. O único subproduto que não conseguimos aproveitar em nossa usina é o sal. Todo o resto – ácidos graxos, borras e a glicerina – usamos na glicerólise. Hoje temos um share de 12% da glicerina refinada no Brasil. Nossa planta refina 50 mil toneladas ao ano”, relata Hammerschmidt.

Usina no Paraná aumentou em cinco vezes o PIB da Lapa

O empresário reconhece que cada Estado tem políticas de incentivo diferentes, mas afirma que a família guarda o desejo de ficar instalado em um único complexo industrial. “Somos nascidos e criados na Lapa e cerca de 80% de nossos colaboradores são naturais da cidade paranaense. Ficamos orgulhosos de saber que nossa atividade contribuiu para crescimento do PIB do município em cinco vezes. Além do mais, nossa mão-de-obra já está toda capacitada. Se a gente for para outra cidade vamos precisar desenvolver mão-de-obra nova e o biodiesel exige um conhecimento bastante específico. Seria quase um recomeço. No entanto, sabemos que cada Estado tem políticas de incentivo diferentes e, como todo empresário, estamos em busca de alternativas para nosso planejamento tributário”, declara.

Abertura do mercado de biocombustíveis

Em outubro deste ano, o fim dos leilões foi confirmado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), do Ministério de Minas e Energia. A decisão entra em vigor a partir de janeiro de 2022 e prevê o encarecimento dos alimentos, de acordo com a Ubrabio (União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene). A tendência é que os produtores de soja optem por exportar mais grãos do que reservá-los à indústria.

Sobre o assunto, Carlos Eduardo Hammerschmidt, manifesta que a Potencial encara a mudança dos dois lados da situação, sob a ótica da distribuição e da produção. “Eu já havia me posicionado na Conferência da Biodiesel BR em 2020 sobre a dificuldade de abrir o mercado de biocombustíveis. Acredito que devemos prolongar os leilões por pelo menos mais um ano”, reforça. “Ainda não sabemos quem vai pagar os impostos do biodiesel. Será a distribuidora? O produtor? O posto? E qual será a base de cálculo? O preço do diesel na refinaria ou o PMPF [Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final] de cada Estado?Não existe uma regra para depois que os leilões tiverem acabado. Também faltam maneiras para indexar o valor do biodiesel. Precisamos ter uma fórmula e um tipo de contrato que ainda nem foi criado. Quando chegar janeiro todo mundo vai ficar perdido. E esse é só nossa preocupação como distribuidor”, salienta o diretor.

“O questionamento da mistura não fez nem cócegas na inflação”

Para o diretor do Grupo Potencial, houve uma certa falta de atenção de algumas pessoas que fazem parte das tomadas de decisões, e que não enxergaram o impacto que a diminuição da mistura teria no agro como um todo. “Fomos considerados irrelevantes para a economia brasileira mesmo sendo um setor que gera mais de 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos. E o pior é que a diminuição da mistura do biodiesel não fez nada pela redução da inflação. Até porque o corte da mistura pressiona outras cadeias. A indústria de rações e de proteínas animais, por exemplo, sofrem a queda do esmagamento de soja no mercado interno. Com menos farelo, a ração fica mais cara; com a ração mais cara, o frango passa a custar mais. Mesmo o preço do diesel, que era o alvo mais imediato dessa medida, teve a redução de apenas 2 ou 3 centavos. Isso nem faz cócegas na inflação, sem contar que existe um lobby muito intenso para manter a mistura pequena”, conclui.

Saiba mais sobre o grupo paranaense no site: www.potencial.net.br . Acompanhe as novidades da empresa pelo Instagram @potencialoficial 

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