No começo de 2022, objeto cruzou o céu da Lapa

Imagem de Reimund Bertrams por Pixabay

Moradores escutaram uma explosão vinda do céu na madrugada de 8 de março

A 70 mil km/h, meteoro cruzou o céu do Paraná - Olhar Digital

O sistema solar é formado não só por planetas, luas e o Sol. Dentre esses objetos, muitos outros se escondem. O lugar mais rico em rochas espaciais é o Cinturão de Asteroides, um anel de pedregulhos espaciais que tem sua órbita entre Marte e Júpiter e que tem sido apontado como o repositor de asteroides de todo o Sistema Solar. Uma vez que esses pedregulhos se chocam com luas, planetas ou até mesmo o sol, em algum momento precisam deixar de existir. Essas rochas têm seu tamanho variando entre alguns milímetros a dezenas de quilômetros.

Provavelmente foi do anel de asteroides que saiu uma pedra de 10 quilômetros de extensão que foi responsável pela extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos e marcou a face do planeta com uma das maiores crateras, a Chicxulub, no México. No entanto, apesar de conhecidos como destruidores de mundos, esses pedregulhos têm sido apontados como progenitores da vida. Um artigo, que será disponibilizado ao final deste texto, explica que asteroides transportaram, ao longo de bilhões de anos, a água que se encontra na Terra, além de outros elementos que juntos formaram deram origem à vida.

Cratera de Chicxulub. Segundo a NASA, seu tamanho é de aproximadamente 25.450 km².

É comum cientistas se referirem a esses pedregulhos como asteroides, meteoros ou meteoritos. Mas afinal de contas, o que é cada uma dessas coisas? De acordo com a astrônoma, eles são corpos pequenos que estão em contextos diferentes. Os asteroides, por exemplo, são inertes e formados por minerais que orbitam o sol. Um exemplo é o asteroide Halley, que tem seu período orbital, tempo que leva para contornar o sol, em 75 anos. Sendo assim, a cada 75 anos é possível vê-lo a olho nu. Sua última aparição foi em 1986 e sua próxima será em 2061. Asteroides são ricos em gelo, que derrete ao se aproximar do sol e forma a sua cauda.

Os meteoroides são o que sobra de um choque entre um asteroide e outro. Se o meteoroide entrar em contato com a atmosfera terrestre, ele será incinerado pelo atrito com os gases que formam a atmosfera e será denominado meteoro ou estrela cadente, como é popularmente conhecido. Já o meteorito é um corpo sólido que consegue atravessar a atmosfera terrestre até atingir o solo do planeta. De acordo com a NASA, o tamanho do meteorito corresponde a 5% do seu tamanho original, o qual se desintegrou no caminho da atmosfera ao solo.

E na Lapa, o que aconteceu, afinal?

Conforme as classificações, o que atingiu o céu Lapeano foi um meteoro, algo que entrou em contato com a atmosfera, mas não resistiu à incineração e se fragmentou antes de atingir o solo. A explosão ouvida pelos moradores pode ser explicada pela composição química do corpo celeste. Dependendo da sua concentração de metais, rocha ou até mesmo gases, o aquecimento é causado pelo atrito com a atmosfera. Nesse contexto, o meteoro se transforma em uma bomba, mas que não representa perigo às pessoas.

Para os curiosos: Tunguska

Em 1908, na madrugada de 30 de junho, uma explosão devastou milhares de quilômetros da floresta da Reserva Natural de Tunguska. Ainda em debate, os estudos mais recentes apontam que o que causou a explosão foi a explosão de um meteorito entre 5 a 10 quilômetros de altitude, ou seja, não chegou a colidir com o solo. Tunguska foi, por muito tempo, um mistério. Para solucionar o mistério, segundo a NASA, foi utilizado as filmagens do meteoro de 2013 nos céus da Rússia e inserido em modelos computacionais que apontaram uma possível explosão de meteoro em Tunguska.

Projeto DART

Imagem de Reimund Bertrams por Pixabay

Em 2021, a NASA iniciou testes para tentar desviar a rota de asteroides. A iniciativa faz parte de um programa de defesa espacial contra objeto que tenham potencial de cair no planeta e causar grandes danos, colocando em risca a vida. O é chamado Double Asteroid Redirection Test (DART) e se concentra em atingir Dimorphos, a lua do asteroide Didymos. O objeto possui 170 metros de extensão. Segundo a agência, a ideia é colidir no objeto com a sonda espacial, o que causará uma cratera de 10 metros e vai alterar a rota da Dimorphos. Os especialistas da missão afirmam que o teste não representa risco ao planeta, mesmo se der errado. O órgão está catalogando quais objetos representam algum risco para a Terra. A NASA explica que o objeto precisa ter mais de 25 metros de diâmetro para passar pela atmosfera terrestre.

As maiores crateras registradas, segundo a NASA

1 – Cratera Vredefort – 300 km

Idade: 2 bilhões de anos

2 – Cratera Chicxulub (responsável pela extinção dos dinossauros – 180 km

3 – Bacia Sudbury – 250 km

Idade: 1,8 bilhão de anos

Meteoritos e a vida na Terra

Panspermia, é o nome da hipótese que diz que formas de vidas simples, provavelmente bactérias, vieram de carona em meteoritos. Dessa maneira, a vida estaria espalhada por todo o cosmo e de tempos em tempos seria semeada por impactos de meteoritos que deslocam grandes pedaços de planetas, planetoides e luas.

Partes de instruções do DNA já havia sido encontradas em meteoritos. No entanto, a citosina e timina foram identificados em meteoritos por uma equipe da universidade Hokkaido, no Japão. Esses eram os elementos do DNA que faltavam ser identificados em meteoritos..

Verdadeiros velocistas

Cometas, meteoros e meteoritos são velocistas naturais. Normalmente, segundo a Agência Espacial Russa, a velocidade média desses corpos é de 30 a 60 mil quilômetros por hora. No entanto, alguns se destacam, como o meteoro de Tcheliabinsk, que adentrou a atmosfera russa em 2013, atingiu 108 mil quilômetros por hora. Apenas alguns de seus fragmentos se tornaram meteoritos e de fato tocaram o solo.

Reportagem por: Luiz Gabriel Correia Ely

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