Parceiro do saudoso Bueno Filho, Laurinho Meira é uma figura louvável e merecedora de registro histórico e homenagens.

Os anos oitenta e noventa foram de grande ação na comunicação, tanto impressa quanto divulgada pelas ondas de rádio e um personagem merece toda nossa consideração e carinho, o Laurinho Meira, parceiro do saudoso Bueno Filho, um ícone da comunicação no nosso município.

Com 78 anos de idade, o Laurinho Meira é uma figura muito conhecida e querida no seio da sociedade e isso se dá tanto por sua simpatia quanto por seu trabalho. Começou seu trabalho profissional muito novo na Rede Ferroviária, mas se tornou uma ‘figurinha carimbada’ quando, junto com seu parceiro Bueno Filho, colaborou tanto com o programa Maravilhas do Esporte e Brasil Caboclo.

ENTENDENDO

Nas décadas de 1980 e 1990 não havia esta facilidade de comunicação que se apresenta atualmente e a Rádio Legendária, AM na época, era um dos principais meios de divulgação existentes, assim como A Tribuna Regional.

Laurinho Meira foi o principal parceiro, co-autor e co-produtor dos programas irradiados na Legendária, chamados Maravilhas do Esporte e Brasil Caboclo.

A PARCERIA

Bueno Filho e Lauro Meira uniram-se e resolveram montar um programa diário na rádio, mas devido ao seu trabalho na Rede Ferroviária, Laurinho se dispôs a trabalhar todos os finais de semana, enquanto Bueno era responsável pela transmissão do famoso Maravilhas do Esporte, onde o “Beleza Beleza” era seu chavão.

Lauro Meira era o parceiro inseparável nos finais de semana, incluindo o programa Brasil Caboclo, onde eles afirmavam que “Aqui canta quem sabe e quem não sabe”. A parceria durou quase duas décadas, mas a amizade veio da infância, onde Laurinho Meira, hoje do alto dos seus 78 anos afirma que conheceu o Bueno Filho na escola e acabaram trabalhando como coroinhas juntamente. Perguntado sobre as malandragens infantis, Laurinho afirmou que “comemos muitas hóstias e tomamos muito vinho bom do padre escondidos quando crianças”.

OS PROGRAMAS

Laurinho Meira lembra com saudades do seu amigo Bueno, o qual tinha um apelido interno de “Buzina” e principalmente de seu falecimento, comunicado por telefone fixo pelo então locutor Evanildo Skura. Segundo Laurinho, Evanildo pediu para Laurinho sentar e ouvir a notícia de que Bueno tinha deixado este mundo naquela noite, depois de transmitir um campeonato organizado por eles, a Taça do Interior.

O ESPORTE NA ÉPOCA

Segundo Laurinho o esporte sempre foi um meio de educação e disciplina e era muito mais valorizado do que nos dias atuais. Os times municipais tinham diversas categorias, desde juvenis até veteranos e os participantes se dedicavam “de verdade aos clubes”. É importante salientar a lembrança de Laurinho sobre as principais competições da época, entre elas os Campeonatos Municipais, Taças do Interior, Interclubes e, principalmente o “Sinvalão”, que era um campeonato interescolar organizado pelo falecido e saudoso professor Sinval Padilha, e reunia centenas de crianças e adolescentes.

O ‘MARAVILHAS’

Maravilhas do Esporte era além de programa de Rádio, uma coluna no jornal A Tribuna Regional, onde eram divulgados os resultados e anúncios de jogos entre os times da Lapa e Interior. Era interessante na divulgação quando um time levava uma goleada e mandava a notícia para o programa dizendo que “a forte equipe do Sicrano FC, mesmo desfalcada de seu craque, ainda conseguiu manter um placar de oito a um num difícil embate com a fenomenal equipe do Fulano F.C.”.  Laurinho Meira conta que se divertia muito organizando as notinhas junto com Bueno Filho, e passavam boas horas de bom humor juntos, até deixar os programas do dia seguinte prontos prá Bueno apresentar, diariamente.

O BRASIL CABOCLO

Segundo Laurinho, o primeiro programa Brasil Caboclo quase foi um fiasco, pois não havia artistas dispostos a participar. Bueno falou pra Laurinho ir ‘enrolando’ na rádio enquanto buscava um gaiteiro que era conhecido dele e nesta primeira edição o coitado do gaiteiro tocou por quase duas horas consecutivas.

Depois disso o programa engrenou e eles precisavam fazer escala para artistas que vinham de municípios vizinhos, visando dar espaço para estes. Laurinho conta que o bordão do programa era “Aqui canta quem sabe e quem não sabe” e era uma festa todos os finais de semana.

A PARCERIA

Por mais de vinte anos Laurinho Meira e Bueno Filho foram parceiros na divulgação esportiva e também musical da Lapa e região através de seus esforços na Rádio Legendária.

Com muita saudade, fala de seu querido amigo que deixou este mundo mais cedo, e comenta das lendas urbanas atribuídas aos dois. Existe uma história dizendo que durante uma divulgação de falecimento na Rádio, Bueno Filho teria anunciado mais ou menos assim: “A Rádio Legendária comunica, com pesar, o falecimento de sicrano, e envia as mais sinceras condolências”, seguida de um “Beleza, Beleza, O Programa Maravilhas do Esporte continua com o anuncio tal e tal”. Também diz Laurinho da história conhecida quando, durante um programa ao vivo, Bueno Filho, que tinha patrocínio da cerveja Malt 90, pergunta a Laurinho “Eu tomo Malt 90, e você, Laurinho?”, a lenda diz que Laurinho, meio distraído responde “Eu tomo qualquer coisa Bueno!”.

POR FIM

É indissociável a vida de Laurinho Meira de seu grande parceiro Bueno Filho e este texto rende homenagem aos dois. Casado por mais de 59 anos com Dona Arlete, pai de seis filhos e inúmeros netos e bisnetos, Lauro Meira continua sendo uma pessoa muito querida e estimada por toda a sociedade. Seus esforços, junto com Bueno Filho, movimentaram em muito o esporte e a música durante muitos anos e este esforço merece nosso registro e homenagem.