O orgão, instrumento musical do Santuário São Benedito da Lapa está na fase final de revitalização

A restauração do órgão situado no santuário de São Benedito da Lapa é um presente para a cidade.

O projeto de extensão da Universidade Federal do Paraná em parceria com o Instituto Federal Catarinense-Campus Concórdia-SC, já está em sua fase final de revitalização do órgão do Santuário São Benedito. O instrumento musical é da marca Edmundo Bohn e está no local desde 1961, sem uso há 30 anos. Ele parou de ser utilizado quando a organista que tocava o instrumento escutou um barulho estranho ao executar uma peça e ficou com medo de estragar algum mecanismo. “Por um problema, que facilmente poderia ser resolvido, o instrumento ficou parado por um longo período. Um órgão de tubos deve estar sempre sendo utilizado. Quanto mais se utiliza o instrumento, maior será a sua conservação. O mecanismo é composto por peças em madeira e couro. Quando há uma interrupção no uso, as peças começam um processo de deterioração”, avisou o professor Paglia, que vem coordenando o trabalho de revitalização.

REVITALIZAÇÃO

O órgão da Lapa passou por uma revitalização do mecanismo pneumático de transmissão, revisão do sistema elétrico, revisão e troca de peças em couro responsáveis pelo acionamento do ar que passa pelos tubos ressoadores, alinhamento do conjunto de tubos ressoadores, revitalização do sistema de acionamento dos registros, recomposição dos pés das flautas que estavam oxidados e, por fim, entonação e afinação os tubos.

A UFPR em parceria com o Instituto Federal Catarinense- Campus Concórdia desenvolveu o trabalho específico da organaria – que são as atividades relativas à fabricação, conservação e reparo de órgãos. As comunidades parceiras, como é o caso do santuário lapeano, foi a responsável pelo fornecimento dos materiais utilizados na revitalização e pelas despesas de alimentação e estadia dos participantes.

EMOÇÃO PELA MÚSICA

A sensação de ver este tão importante instrumento voltar à vida é indescritível, tanto que chega emocionar até os próprios restauradores. Quando nos aproximamos do Santuário para fazermos a nossa matéria eles estavam em processo de afinação dos tubos. Durante o processo pudemos conhecer por dentro os mecanismos que fazem com que este instrumento tão tradicional funcionasse.

Na história da humanidade existem inúmeros órgãos. Em diversas igrejas existem, inclusive, instrumentos com mais de 500 anos em catedrais na Europa. Segundo informações, o órgão é um instrumento que mais se aproxima a voz de Deus ou ao som que Deus proferiria se estivesse pessoalmente presente.

O jovem Emanuel Hamerschmidt, que é músico e toca na Igreja em Mariental, estava presente à visita da Tribuna Regional. Sua experiência musical é com órgão eletrônico e ele nunca teve a oportunidade de acessar um instrumento tão valioso. Como diz Emanuel, a sensação de entrar em contato com este instrumento é indescritível, pois a sua geração nunca teve acesso a um instrumento tão antigo e tão relevante.

Como foi estudante do seminário São José, ele conta que, de uns anos para cá a juventude vem dando valor à primazia dos instrumentos antigos. Foram anos em que esses instrumentos ficaram esquecidos, porém hoje existe um movimento para restauro e isso é deveras importante.

Um destaque que Emanuel fez foi a questão de que músicos jovens estão tendo a oportunidade de entrar em contato e utilizar este instrumento e conhecer, além da história, sua qualidade e isso não tem preço.

Ainda levará um tempo para que os fiéis possam aproveitar, ou melhor, se deliciar com o som desse instrumento tão tradicional, porém o trabalho está em andamento em dias de finalização.

Organistas

Além de restaurar o órgão do Santuário São Benedito, o projeto vai trabalhar para retomar a importância do instrumento musical, para que ele volte a ser utilizado e incorporado à vida da comunidade. “Instrumento musical em uso é instrumento vivo e por este motivo vamos fazer o máximo para que a comunidade reconheça a importância do instrumento na liturgia e no desenvolvimento espiritual, pois assim os responsáveis pela gestão das igrejas terão que dar andamento à conservação do instrumento”, explica o professor Paglia, que já restaurou dois órgãos históricos em Santa Catarina e o órgão do Seminário Arquidiocesano de Curitiba.

O projeto de extensão tem previsão de duração de cinco anos e serão realizadas atividades pedagógicas com a comunidade e com estudantes, como oficinas, palestras, aulas expositivas e atividades artísticas. “Temos a ideia de fomentar a participação da comunidade para que o instrumento não caia em desuso, como no caso de ficar 30 anos sem tocar. O trabalho que não requer conhecimento específico na área da organaria será realizado, com a supervisão dos coordenadores, por membros da comunidade. Nesta fase vamos desenvolvendo atividades pedagógicas juntamente com a revitalização”, diz o professor Paglia.

EQUIPE

A equipe é formada pelo professor Edmilson Cezar Paglia do Instituto Federal Catarinense- Campus Concórdia, professora Andrea Knabem, da UFPR Litoral, professor Aloísio Schmid, do Curso de Luteria, e pelo bolsista do curso, Ivan Gonçalvez. O grupo também conta com o trabalho do Frei Lauro Both, do Colégio Bom Jesus, que vem dando apoio técnico na área da organaria, e da professora Cristiane Gramkow, do Instituto Cultural Brasil Alemanha e voluntários.

Professor Edmilson Cezar Paglia do Instituto Federal Catarinense- Campus Concórdia.
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