Jesus Cristo, por amor da nossa salvação, adverte: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós em roupagem de ovelha, mas por dentro são lobos vorazes” – Mateus 7.15.
Se aceitarmos a advertência e nos orientarmos pela Palavra, necessária e ubíqua, de Cristo, facilmente poderemos acautelar-nos de todos os falsos profetas e pregadores/as, por exemplo. Mas sua proliferação, por toda parte, se deve ao fato de que ouvimos o verdadeiro Evangelho, mas não o tomamos a sério e nada fazemos para o termos com certeza e para o entendermos. Andamos tão sonolentos e desinteressados como se jamais pudéssemos perder a Cristo e Seu Evangelho. Daí acontece que somos enganados pela aparência e representação de vida e fé, antes de nos darmos conta. Pois, assim que aparece um novo mestre diferente e se apresenta muito brilhando na aparência de piedade, já está esquecida a palavra “attendite” – “acautelai-vos”, com a qual deveríamos estar ‘armados’, ouvindo a cada um como se não o ouvíssemos, olhando e atentando somente para a doutrina, se ela é cristológica e cristocêntrica ou não. São espíritos levianos e pusilanimes os que olham somente para a boca dos pregadores e logo correm atrás deles impelidos pela curiosidade e desejosos de ouvi-los, o que os leva a pensar: oh, acabei de ouvir aquele, agora preciso ouvir também a esse que é um homem maravilhoso, instruído e santo, etc. Aí o diabo já ganhou espaço e toma conta deles mesmo antes que o percebam, impele-os e os conduz inteiramente conforme sua vontade de uma horda a outra, conforme Paulo diz a respeito desse tipo de gente em Ef 4.14: são como uma cana que balança para lá e para cá, deixam levar-se por qualquer vento de doutrina. Se hoje ou amanhã aparecer outro, lá estão eles, sempre dispostos a ouvi-lo, como legítimos autoindulgentes ‘mochileiros da palavra e da fé’, a cata do que é aprazível à carne e ao sangue, infestados de pecado, vale referir, em suma. Isso quer dizer: que eles não têm uma compreensão segura da Palavra de Deus no coração e, além disto, desprezam o Evangelho da glória e da graça de Deus, o único pelo qual se pode ser salvo, por graça divina, em comunidade nascida e nutrida por ele, mediante a fé em Jesus Cristo. Eles autoacham que, se o ouviram uma ou duas vezes, já o conhecem e o têm inteiramente preso e cativo em si para sempre, não importando se ouve outro evangelho com fé presente. E quando isto sucede, eles logo, porém, ficam enfastiados. E, sempre à ‘cata’ de novidade, ficam de ouvidos e boca abertos para ver se não aparece outro com alguma ‘bênção melhor’. Sucede com eles a mesma coisa que aconteceu com Adão e Eva quando foram seduzidos pela serpente, que também lhes abriu os olhos para a árvore proibida e lhes incutiu pensamentos bonitos, contrários à Palavra como este: por que não iríamos comer justamente desta? Assim foram suscitados seus desejos e sua curiosidade por novidade autojustificada, de modo que ficaram enojados de todas as árvores no paraíso e passaram a olhar somente para a proibida.
Se, de verdade, como mortalmente sério, tomássemos a ‘peito’ o Evangelho e se veramente vivêssemos preocupados para manter o tesouro de incalculável valor puro e límpido, não nos deixaríamos enganar tão facilmente. Aliás, em magno consenso na fé, ensino, confissão e consequente condenar, com criteriologia cristológica, junto ao santo povo cristão, nenhum espírito cismático vai derrubar, tão facilmente, um reformador da fé e da moral. Porque ele crê firmemente que seu Evangelho, provado e examinado pelas Escrituras, é verdadeiro, e não quer perdê-lo, de modo algum. Se, todavia, vier alguém em lindas ‘roupagens’ de ovelha, ele não se deixará seduzir por sua máscara, como se quisesse ouvir algo diferente ou alguma coisa nova. Quer saber, isto sim, unicamente se ele concorda com o Evangelho colocado em curso na sua doutrina, vida e fé, pelo Espírito Santo. Não sendo este o caso, dá graças a Deus, porque foi feito consciente e está tão firme e seguro de que sabe que ele é um falso profeta e um lobo voraz, debaixo de sua roupagem de ovelha.
