Jesus Cristo, por amor da nossa salvação, adverte: “Acautelai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós em roupagem de ovelha, mas por dentro são lobos vorazes” – Mateus 7.15.
Jesus Cristo jamais ordenou que a pessoa deve, para ser salva, abandonar a família, por exemplo. Mas, isto, sim: antes de abandonar o Evangelho e a Cristo, que se vão mulher, filhos, corpo e bens, sol e lua e todas as criaturas. No entanto, a não ser em caso de necessidade, tens o mandamento de Deus de amar o teu próximo, diaconar, servir e ajudar-lhe com corpo e bens, igualmente, amar e administrar tua esposa, os filhos, as pessoas que estão sob tua responsabilidade, etc., e jamais fugir e abandoná-los, como fazem pessoas que se fazem autossantas, contrariando a Palavra e a ordem de Deus, sem qualquer necessidade. Não obstante, querem gloriar-se de grandes frutos do Evangelho como, especialmente, santos.
Aprenda a reconhecer e examinar os espíritos que, vestidos como ovelhas, por dentro são vorazes e miram a fé, afastam-te de Cristo e te reconduzem a ti mesmo e chamam de fruto do Evangelho o que eles mesmos sonham para exterminarem os verdadeiros frutos. Estes são os lobos vorazes vestidos de ovelhas, que corrompem os cristãos em todos os tempos. Até agora eles sempre foram santos de própria inventiva presente e ligados ao suposto cristianismo verdadeiro, gente que inova nos Meios da Graça, pessoas ligadas a seitas, heresias, filosofias ditas cristãs. Enfim, para sumariar: gente que desde os primórdios – quanto aos ismaelitas, cf. SI 83,1-8 (especialmente v. 7); quanto aos esauitas, cf. Gn 27.41; Gn 36; quanto aos cainitas, cf. Gn 4.17-24 – estabelece a sua própria fé, teologia, culto, piedade sem a necessidade de Cristo e nem ainda do ministério da Palavra. Pois todos os que se dedicam a criar algo especial no que tange à religião, que vai além da fé especial e os estados gerais, são e continuam sendo santos de própria inventiva, embora, cá e lá, não tenham os mesmos nomes e costumes nem sequer ostentem as mesmas ‘vestimentas’ ou ‘aparências’. Destes que andam por aí e vem a público a gente se pode precaver, até certo ponto, discernindo e examinando os espíritos. Pois foram e podem ser descritos suficientemente, de modo que todo mundo os conhece e pode reconhecer com base no exame da doutrina. No entanto, acautela-te dos novos santos autofeitos, que não usam roupas nas e pelas quais querem ser reconhecidos e distinguidos, mas que, não obstante, instituem outros modos de vida especiais, ao modo da carne e do sangue, pretextando grande devoção e santidade; andam de caras azedas, vestidos de roupa autojustificada e levam uma vida corporal austera, e afirmam que é proibido usar e comer isto e aquilo se é que a gente quer ser cristão. Ademais, também ensinam que precisamos observar este e aquele dia se é que se quer ser crente e salvo. Quanto ensino, doutrina, pregação que só se pode observar, até certo ponto, em tempo de paz, não em tempo de guerra. Portanto, a santidade autoinventada é sempre a mesma, apenas, com outras máscaras. Por isso, no passado, os pintores acertaram quando pintam o diabo vestido com uma roupa tida como mais santa que as outras, com seus ‘escravos diabólicos’ saindo debaixo dele, pois, desde o início do mundo, ele nada faz senão seduzir o mundo com sua palavra e fé autoinovadas.
Isto posto, convém lembrar que a dificuldade maior se estabelece e sempre de novo se tornou realidade quando Igreja e Estado confundiram, uniram, embaralharam o seu específico e próprio, autofazendo-se direito e autoridade em ambos. E toda vez que isto aconteceu, quanto mau e mal se praticou em nome da Palavra e da Fé. SENHOR, tem piedade de nós, e nos ajuda a viver somente o que Tu próprio, de fato, queres que creiamos e façamos. Amém.
P. Airton Hermann Loeve.
