Jesus Cristo, por amor da nossa salvação, adverte “Acautelai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós em roupagem de ovelha, mas por dentro são lobos vorazes” – Mateus 7.15.
A advertência de Jesus Cristo, o nosso SENHOR, vai no sentido de que devemos contar, com certeza absoluta, e que devemos cuidar e precaver-nos, de todos os modos, para que as hordas cismáticas não nos enganem, mas devemos armar-nos contra elas e, justamente, aprender a reconhecê-las, por amor do Evangelho. Pois ao dizer: “Acautelai-vos”, Ele nos quer ensinar que neste ponto não devemos ser pacientes, e, sim, abrir os olhos, ser corajosos, cautelosos e sábios. Pois contra os amigos exteriores nada mais é preciso do que paciência. É preciso tolerar o que fazem contra nós e permanecer firme. Aqui, porém, não cabe tolerar e ceder, e, sim, precaver-se, ficar atento, não confiar em nenhuma palavra de irmão, seja o meu ou o teu, e, sim, com olhos críticos e atentos, olhar somente para a Palavra e não confiar em nenhum ser humano que hoje está do meu lado, que é autoindulgente com a doutrina e vida que não promovem e nem sequer apontam para Cristo. Hoje, ele prega comigo, de modo puro e correto a Palavra de Deus, lei e Evangelho, mas amanhã, pode pregar contra mim, cristólogo. Neste ponto, ninguém deve considerar-se seguro, como se não necessitasse desta advertência de Jesus Cristo. Pois esta tentação é tão perigosamente traiçoeira que, inclusive, as pessoas mais espirituais têm muito trabalho com ela, para não serem enganadas. O outro contingente, porém, que se sente seguro, não tem preocupações com sua alma, não consegue escapar desta sedução. Por isso não é sem razão que diz aos Seus discípulos: “Acautelai-vos”. Pois a aparência e o nome são tão bonitos que ninguém que não tenha a correta compreensão da Palavra de Deus consegue reconhecê-los – como ainda ouviremos – e, além disto, se esforce ao máximo e tenha por maior preocupação mantê-la pura e íntegra, a bem da sua salvação e da de seus ouvintes, enquanto crentes batizados. Observa como Jesus Cristo pinta a aparência e o aspecto destes falsos mestres, cuja fé, teologia, culto, piedade são autojustificadas.
Em primeiro lugar, Cristo diz que são profetas, isto é, mestres e pregadores, e que também se gloriam de não serem chamados por outro nome e que ninguém os têm em conta de outra coisa. Gloriam-se de terem o mesmo ministério, a mesma Escritura e o mesmo Deus que têm os outros. Não obstante, são falsos profetas. Pois fala aqui daqueles que estão investidos do ministério da pregação, mas o deturpam, trazendo grande prejuízo à fé. Haverá os que andam por aí sem serem ordenados e sem terem qualquer comissionamento, que não merecem ser chamados falsos profetas. São os mestres autofeitos que não devem ser tolerados – ainda que ensinassem corretamente – quando querem interferir no ministério e no ofício de outros que foram legitimamente chamados e incumbidos pelo santo povo cristão. Os primeiros, não raro, se escondem ‘secretamente’ em algum canto como ladrões, visto que ninguém deve ‘instalar’ seu próprio lugar de pregação nem intrometer-se num deles, ainda que ouça e saiba que se está pregando falsamente em público, porque não recebeu a ordem para ser responsável por isto. Deus instituiu o ministério da pregação, que prega o único-salvante Evangelho da graça e da glória de Deus, do mesmo modo como instituiu outros, por isso, por chamado e incumbência legítimos, não nós devemos contrariá-los. Quem, todavia, exerce o ministério sem ter o direito para isto, este deverá responder por si mesmo e certamente encontrará seu juiz, se não nesta vida então nada que virá. Porque inconteste é que se reconhece a Igreja exteriormente no fato de convocar e demitir servidores eclesiásticos, com base na Palavra de Deus. Pois há necessidade de mestres e pregadores que ministrem, publicamente ou em particular os meios da Salvação, por causa e em nome da Igreja, muito mais, porém, por causa da instituição de Cristo [cf. Efésios 4.11]. A fé que justifica e salva vem pela pregação. [Segue]
