A culpa é do FHC

Desde que me conheço por gente sempre ouvi o pessoal apoiador do PT comparando o lulismo com o período FHC, e esse sempre achei que era o grande erro da esquerda ao tomar o poder.

Tivemos três presidentes eleitos com o voto prioritário da esquerda – Lula, Dilma e Temer, e – pelo menos nos governos dos dois primeiros qualquer crítica era execrada solenemente, com ares de sabedoria afirmando que o governo FHC era pior, que tinha privataria tucana, que teve câmbio fixo, que teve proteção a grandes banqueiros, etc, etc. Tudo verdade. FHC cometeu várias “falhas”, se é que podemos assim chamar.

E essas críticas eram extremamente relevantes e verdadeiras. Os problemas foram que durante seu período no poder, ninguém fez nada para punir os erros do governo anterior. Pior: muitos erros foram reproduzidos e ampliados – vide episódio do “Mensalão” – e outros novos e maiores foram implantados – e defendidos – sempre com o discurso começando com “mas na época do FHC…”.

Isso ajudou em muito a implosão de todo o discurso da esquerda. Eles sempre foram a voz pedindo moralidade, justiça, respeito às leis. Mas quando tomaram o poder, fizeram exatamente o oposto.

Não é preciso apontar o tamanho do desgaste. Praticamente a esquerda perdeu todo o direito de falar sobre moralidade e honestidade.

Ok, mas e o que isso tem a ver com o momento atual? É que agora a culpa é do Lula.

Estou vendo um começo de governo com alguns méritos e alguns deméritos – o que é normal, afinal não tivemos nenhum presidente que não tenha contribuído de forma positiva com o País, e também que não tenha feito besteiras. Mas temos agora uma nova militância muito diferente da militância petista em seu discurso básico, mas muito similar nos seus métodos.

E essa nova militância está começando a cometer o mesmo desvio que a militância petista cometeu: apontar um culpado pelos erros passados, mas não necessariamente agir para corrigir os desvios. O bom é que ainda é bastante cedo para uma afirmação cabal sobre isso, mas é o que está se desenhando.

Um outro receio que surge é que para o bem ou para o mal, os governos petistas acabaram integrando em sua base até mesmo os que pensavam contrariamente. Eu mesmo, apesar de nunca ter simpatizado com o pensamento petista, prestei serviços ao governo petista no Piauí – e isso sem problema nenhum.

Mas o que parece estar se desenhando – ou pelo menos o que aparece na extrema imprensa – é a execração e isolamento total de qualquer um que pensar diferente. E neste “pensar diferente” não estamos falando de esquerdistas – basta discordar de alguma ação de qualquer integrante da família Bolsonaro.

Claro, o que aparece na grande imprensa não é necessariamente verdade e temos vários casos de mentiras descaradas, mas no momento está bastante difícil selecionar o que é verdade do que é material para derrubar o novo governo. De toda forma, pelo menos para mim os sinais de alerta já se acenderam. Alerta, apenas.

E antes que alguém questione se houve arrependimento com a eleição do Bolsonaro, é preciso lembrar quem eram as opções, portanto, não existe possibilidade de arrependimento. Mas existe a possibilidade de o novo governo não ser tão bom quanto se esperava, e isso será péssimo para a nova e ainda incipiente “direita” que surgiu em nosso país.

Para não cairmos no discurso vazio e sem caráter que marcou o lulopetismo, temos sim que manter o novo governo em vigilância. Temos sim que encontrar e condenar todos os erros dos governos passados, mas estes erros não podem em hipótese alguma ser usados como desculpa para novos deslizes. Em outras palavras, temos que aprender com os erros dos petistas.

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