Pandemia, contágio, quarentena, desemprego, desespero. Pode parecer muito problema para um dia só, mas é o que temos no momento. Porém o pior não são estes entraves citados na primeira frase. O pior vírus que pode se espalhar é o da ignorância.
Já não é de hoje que comentamos sobre a capacidade que as pessoas tem de falar o que querem nas redes sociais. Com esse isolamento o acesso aos meios digitais aumentou exponencialmente, assim como também cresceu o preconceito, ignorância e egoísmo de algumas pessoas.
Enquanto vemos exemplos louváveis de empresas doando equipamentos e materiais para combater o vírus chinês, também existem aqueles que não levantam a bunda gorda do sofá para fazer críticas.
É tanto preconceito e reclamação que até confunde a cabeça dos mais leigos. Pessoas criticando o profissional de saúde da Lapa, contaminado com o Covid, dizendo que ele deveria ser proibido de ter dois empregos, ainda mais em local de risco. Além desse comentário muitos outros exigindo providências impossíveis das autoridades municipais.
É engraçado pensar que, por trás da telinha eu estou protegido e posso falar o que quiser. Dá a impressão de que são dois mundos. Um no qual o contato pessoal é cordial e assertivo enquanto no digital podemos fazer o que quisermos.
Ledo engano. Nossa vida agora é uma coisa só. Digital e presencial são as mesmas coisas, afinal, tudo é só ferramenta de comunicação. O que mudou foi a exposição de idéias idiotas com gente concordando.
Voltamos a falar da história do louquinho da aldeia, que gritava e ninguém ligava. Quando ele entrou na internet criou um grupo de louquinhos e agora eles gritam em uníssono. Isso deu força e legitimidade para os gritos, mesmo que o conteúdo das reivindicações padeça da mínima falta de informação.
Diversos filósofos e pensadores vem dizendo que sairemos mais fortes dessa crise mundial. Que seremos mais cordiais e preocupados com o próximo e que a humanidade terá um salto evolutivo em pouco tempo. Vendo como as pessoas se comportam na rede é difícil concordar com essas afirmações.
O problema é o tamanho do espaço que certas pessoas encontram no meio digital para disseminar ódios e preconceitos. Temos a impressão de que, ao contrário do que dizem os filósofos, sairemos mais pobres desta pandemia. Pobres de cordialidade, simpatia e caridade. Pobres de amor ao próximo e preocupação comunitária.
Enfim, esse caso é só mais um exemplo da humanidade sendo humana. Somos todos assim, mas os melhores conseguem transformar a negatividade em algo positivo, agindo pelos outros, auxiliando e incentivando.
Pense bem se você não está contaminado também com esse Vírus da Ignorância. Se tiver, a cura é simples. Faça o bem, sem olhar a quem e, principalmente, pare de olhar para o próprio umbigo.
O mundo agradece.