DO JURAR

“Também ouvistes que foi dito aos antigos: não jurarás falsamente e cumprirás teu juramento para com Deus. Eu, porém, vos digo que não deveis jurar de modo algum, nem pelo céu, pois é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade de seu grande rei. Também não jurarás por tua cabeça, pois não podes branquear ou pretear um cabelo sequer. O vosso discurso, porém, seja sim, sim, não, não. O que passa disso vem do mal” – Mt 5.33-37.

Se eu vejo alguém em dificuldade e perigo espiritual, fraco na fé, ou de consciência desanimada, ou numa compreensão errada da Palavra e coisas semelhantes, eu não devo apenas consolar, corrigir, exortar, mas, também, jurar, a fim de fortalecer a sua consciência e dizer: tão certo como Deus vive e Cristo morreu em nosso favor, tão certo esta é a Verdade e a Palavra de Deus. Nesse caso, o juramento é tão necessário que não se pode prescindir dele, pois por meio dele é confirmada a reta doutrina e a correta pregação do Evangelho, pelo qual somos feitos/as filhos/as, pela fé em Jesus Cristo. Assim a consciência equivocada e temerosa é instruída, consolada, libertada do diabo. Por isso você pode jurar nesse caso pela coisa mais elevada e cara que existe. Dessa maneira, juraram Cristo e o apóstolo Paulo e toda palavra ou promessa fiel que uma pessoa pregadora do Evangelho prega, tanto para assustar as cabeças duras em sua impenitência e incredulidade quanto para consolar as pessoas tímidas, inquietas.

Analogamente, quando se deve inocentar a pessoa próxima e salvar a sua honra de malvadas ‘bocas envenenadas’, aí, também, se pode dizer: por Deus, está lhe sendo feito injustiça – contanto que não seja mediante mentira, meia verdade, dolo. Pois nesses casos se está fazendo bom uso do nome de Deus para a honra dEle e por causa da verdade e para o bem e a salvação da pessoa próxima. Pois, aí, você tem a Palavra e o mandamento de Deus, pairando sobre si, que lhe ordena amar a pessoa próxima, repreender as pessoas desordeiras, consolar as tristes, etc. E porque é ordenado, não pode ser errado, pelo contrário, esse mesmo mandamento lhe insta a jurar, e você comete um erro se você se omite. Em suma, onde você tem a Palavra de Deus, Deus lhe dê a graça para que jure sem demora, repreenda, se ire e faça tudo que puder. O que, porém, passa e vai além disso, quando não existe uma ordem divina, nem está em jogo a necessidade e o proveito da pessoa próxima, não faça nada disso. Pois Deus não quer, absolutamente, nada daquilo que você faz por própria iniciativa, sem Sua Palavra, seja o que for, ainda que alguém fosse capaz de ressuscitar mortos. Muito menos, Ele quer tolerar que se abuso de Seu Nome e que se O invoque onde não há necessidade nem proveito, ou que se o use diariamente na casa e em todos os lugares, como é costume agora, quando se tem que acrescentar a cada palavra um juramento, especialmente, nos locais em que impera e escraviza gente a impenitência e a incredulidade, de sorte que até seria necessário, nas casas e famílias cristãs, proibir e punir, rigorosamente, esse costume pecaminoso. Aí você tem, pois, uma interpretação correta e clara dessa passagem, para que ninguém se torture desnecessariamente com esse texto e se faça dele um ‘purgatório’ onde ele não existe.

Cristo diz: “Eu vos digo que não jureis de modo algum, nem pelo céu, nem pela terra, nem pela cidade de Jerusalém”, etc. Por aí se vê que as autoridades religiosas de Sua época tinham a cidade em alta consideração e estima, de modo que se jurava por ela, e Ele também o confirma, chamando-a de cidade de Deus e, alhures, ela também é chamada de Cidade de Deus – Sl 46.4; 87.3; Ap 3.12 – Cidade Santa – Is 52.1; Mt 27.53; Ap 11.2. Ela se chama ‘de Deus’, ‘Santa’ porque ali havia a Palavra de Deus, por intermédio da qual Ele habitava nela. O fato de se ter tido a cidade em tão alta consideração é um belo costume – como também o profeta Isaías a enaltece gloriosamente em 31.9 – que, certamente, foi introduzido por gente excelente. E isso não por causa dela mesma, e, sim, por causa da Palavra. De acordo isso, poder-se-ia chamar de santa toda cidade que tem a Palavra de Deus e afirmar com certeza que Deus está ali por graça mediante a fé em Cristo – a Palavra em Pessoa.

 

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com