Ainda sobre o molusco…

Semana passada tive uma grata surpresa. Escrevo esta coluna nas quartas feiras, e em alguns casos, nas quintas, como o caso da última semana. Conclui meu escrito e enviei para o jornal. Logo que o mesmo foi enviado para a impressão sai a notícia da prisão do Lula e o começo da novela que dura até hoje, com o aquartelamento no sindicato dos metalúrgicos no ABC, e depois com a invasão de Curitiba pelos baderneiros de sempre.

Mas de resto, tudo que disse está se cumprindo. O PEN – Partido Ecológico Nacional, um partido criado recentemente e que acompanhei a fundação (mas nunca me filiei, pois desconfiei do grupo), dizia que era um partido criado para devolver ao povo a sua relevância política, combater a corrupção, ser uma alternativa à podridão que está aí, e ainda servir de contraponto ao Partido Verde, que de verde só tem a bandeira.

Ocorre que esse mesmo partido foi o autor de uma liminar para que não sejam executadas prisões após a condenação em segunda instância. Ou seja, pelo PEN, Lula, Cunha e os milhares de condenados já em segunda instância tem que ficar livres até serem julgados pelo STJ.

Como a notícia repercutiu muito mal, o partido procurou um “bode expiatório” – seu advogado. Quem era esse cara?  Antônio Carlos de Almeida Castro, apelidado de Kakay. Veja só o que a Wikipédia fala sobre ele:

Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido pelo pseudônimo Kakay (Patos de Minas, setembro de 1957), é um advogado criminalista brasileiro, notório pela prestação de serviços advocatícios a políticos envolvidos em escândalos de corrupção no país, como escândalo do Mensalão e Operação Lava Jato, e por defender também celebridades. Entre 2015 e 2016, então advogado de onze políticos e empresários investigados pela Lava Jato, Kakay afirmou na tentativa de defender a reputação de seus clientes que o país vivia ‘sem a menor dúvida’ um momento de ‘criminalização da riqueza’.

Com isso o PEN destituiu o advogado e jogou a culpa nele, e agora tenta retirar a liminar. Só que o tal “Kakay”, sendo “macaco velho”, já impetrou outra liminar usando uma tal Instituto de Garantias Legais, até então desconhecido.

Mas o que acontece com essa liminar? Simples. Tem um monte de juridiquês no meio, mas via de regra permite que os ministros do STF que são contra a prisão na segunda instancia tentem antecipar uma discussão e votação sobre o assunto. Marco Aurélio de Mello, aquele ministro que teve sua filha nomeada como desembargadora pelo então presidente Lula, é um dos mais aguerridos nesta discussão. Se não houver a liminar, o assunto só seria votado quando o(a) presidente do STF coloca-lo em pauta, o que se tivéssemos um supremo sério, deveria demorar alguns anos, mas como falei na edição passada, deve ocorrer a partir de setembro, pois o ministro Dias Toffoli, ex advogado do PT, será o presidente da casa.

Então a novela ainda não terminou. Na verdade, está longe de terminar. O que poderia moralizar tudo seria a votação de um Projeto de Emenda Constitucional – uma PEC, que estabeleça a prisão após julgamento em segunda instancia. Já existem iniciativas na Câmara dos Deputados, em Brasília, para isso. Mas em ano eleitoral, será que alguém acredita que isso será realmente votado?

O engraçado é que os partidos de esquerda querem a condenação de figuras como Aécio e Beto Richa – e se forem comprovados os crimes, que pelo que tudo indica, aconteceram são sérios, também quero que sejam condenados. Só que se eles entrarem nessa de prisão só depois do último recurso em julgado, nunca mais veremos nenhum poderoso na cadeia. Ou seja, para livrar o Lula, livrarão a cara de toda a nata corrupta do País.

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