Apatia e inação

Vamos começar utilizando o famoso pai dos burros – o dicionário. Segundo o Dicionário Oxford o termo Inação é um substantivo feminino que se aplica a “estado em que não se age; ausência de ação; ociosidade; inércia. falta de decisão; hesitação, irresolução.” E o outro termo, apatia é também um substantivo feminino que traduz um “estado de alma não suscetível de comoção ou interesse; insensibilidade, indiferença”.

Pois bem, explicados os termos do título vamos aos fatos. Vivemos em uma comunidade apática e inativa. Sim, leitor, parece exagero, mas podemos elencar diversos fatos que nos tornam imóveis para os problemas de todos.

Um dos exemplos mais significativos é o do Parque do Monge, que há 23 anos foi transformado em Unidade de Conservação e já se passaram três governadores, cinco prefeitos, inúmeros deputados que pegaram votos e uma porção de vereadores eleitos para fazer a vontade popular. Neste tempo todo não tivemos uma verdadeira e significativa comoção para resolver o destino do nosso querido ‘Monge’, sendo que cada um usa de uma desculpa para não se incomodar. Contudo o problema é maior. Os nossos representantes não fizeram nada pois nosso povo não cobrou e não se uniu. É a mais pura verdade. A Lapa é parada, inativa e afeita ao ‘deixa-disso’ que não dá trabalho.

Outro exemplo é a questão do pedágio. Nos momentos em que se propunha a nova concessão foram feitas reuniões por cidadãos e políticos interessados em ampliar a isenção ou modificar o processo de concessão, favorecendo todos os cidadãos usuários da via. Pois bem, apenas um vereador participou desse processo, junto de algumas lideranças, mas o número de pessoas participantes e lutadoras pelo caso não passou de 20 pessoas. Os outros milhares de usuários simplesmente ficaram esperando que “alguém resolvesse o problema”, e, cada um em sua casa, torcia para ser beneficiado sem levantar os glúteos obesos do sofá.

Apatia e inação são as principais características que atrapalham as ações que dependem de mobilização popular. Os dois casos que citei anteriormente nos dizem muito, mas não são únicos. Vemos a falta de ação nas áreas de cultura, turismo, vemos a falta de participação nas audiências públicas que mostram como estão as contas e ações administrativas. Vemos a falta de interesse em todos os lados, mas, por baixo dos panos, os cidadãos aparentemente se indignam, porém não se manifestam.

Talvez essa seja uma característica da nossa cidade, onde se manifestar é dar a cara a tapa e isso acaba não sendo bom negócio, afinal, mesmo nos anos 2024, ainda existem perseguições e o coronelismo continua ativo, principalmente nas mãos de quem manda. São muitos os servidores públicos que estão ‘escanteados’ por tentarem exprimir suas opiniões e pedir ações mais concretas.

Se isso acontece com o servidor, acontece com o cidadão, que não quer ‘ficar de mal’ com ninguém, pois pode precisar de um favor político ou ajudinha em qualquer que seja o tema. É doloroso afirmar isso, mas é a pura verdade. Somos apáticos e inativos como comunidade. E quem grita e levanta as questões leva pedrada de todos os lados, principalmente daqueles que querem a manutenção das coisas como estão.

É feio, muito feio e precisamos mudar isso. Mas quem é que vai dar a cara a tapa para mudar alguma coisa? “Eu não me meto”, afirma o cidadão, “tem quem resolva!” complementa.

É isso. Triste, mas é isso.

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Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com