Cem mil, e daí?

Na semana passada o Brasil alcançou a marca de cem mil
mortos pela Covid19. Números preocupantes que mostram
que não estamos vencendo a pandemia. Claro que ao divulgarem
este número, as grandes redes de notícia montaram um
circo cheio de emoção, acusações as mais diversas e tentando
colar no governo Bolsonaro a culpa pela tragédia.
A mesma situação, só que em escala infinitamente menor,
acontece em nossos municípios. A briguinha política e os
aproveitadores de momento estão sempre prontos a aparecer.
Como podemos culpar o governante, sendo que eu continuo
me reunindo em família no final de semana? Qual a
culpa que eles tem se sou eu que vou passear na rua com a
máscara mal colocada? Como tirar dos nossos ombros esta
grande responsabilidade pelas mortes?
Os descontentes vão dizer que os governantes tem a responsabilidade
de dar exemplo, no que concordamos. Porém
o povo brasileiro é um tanto quanto desleixado e não é de
seguir líderes.
Mesmo que concordemos que o presidente, governador
e prefeito deviam estar fazendo mais, devemos também concordar
em afirmar que a população já absorveu esta pandemia
como uma coisa normal.
Talvez devido a tantas incertezas na política nacional
passamos a ignorar certos detalhes e continuamos tocando a
nossa vida, como sempre fazemos. É neste ponto que devemos
parar e analisar se não poderíamos fazer mais prá prevenir o
covid de se espalhar.
Esta semana vi um anúncio de uma casa na praia, dizendo
que acomodava tranquilamente vinte pessoas. E os pedidos
de reserva eram muitos, mesmo ninguém tendo certeza de
como estará a pandemia no verão. É deste tipo de atitude
que precisamos nos livrar.
Tanto se fala em viver no pós-pandemia, que parece que
já saímos do problema e estamos apenas esperando os ventos
diminuírem. Somos um povo sem-vergonha e malandro,
mesmo que não queiramos admitir.
Voltando à política, aparentemente esta eleição não vai
ser um bom momento para renovação, visto que os novos que
estão colocando seu nome à prova continuam com o mesmo
discurso do tempo de dantes. É tanta proposta genérica e
superficial que dá até sono pensar em debater o futuro do
município com estes pretensos políticos.
Estas questões todas podem parecer distantes, mas estão
ligadas intimamente. Nosso modo de ver a vida faz com que
deixemos de perceber o perigo do momento. Nossa resiliência
em viver escândalos, roubos e corrupção acaba nos fazendo
insensíveis aos detalhes necessários para superarmos este
problema atual. E deveríamos esperar e cobrar muito mais
de nossos representantes, mas com a humildade de admitir
que também não somos perfeitos.
Pense: Estas pessoas que perderam a vida prematuramente
poderiam estar entre nós, se nós realmente levássemos a sério
o país que vivemos.

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Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com