Considerações sobre riqueza

A alguns dias meu filho, que tem 10 anos, começou a falar sobre desigualdade social e que todo mundo deveria ganhar o mesmo salário. Perguntei de onde vinha esta ideia, e parece que ele assistiu alguns vídeos no youtube, onde os apresentadores comentavam sobre isso. Vídeos desse assunto já aos 10 anos? Sim, eu também me assustei num primeiro momento. Mas dai percebi que os vídeos eram de jogos, aqueles onde o youtuber vai jogando e dando dicas, só que lá pelas tantas, um deles resolveu por algum motivo desconhecido, abordar este tema.

Mas foi bem interessante que isso suscitou uma discussão com o meu filho: se todos ganhássemos o mesmo valor, existiriam pobres e ricos? A resposta pronta dele foi que não. Mas dai perguntei o que é uma pessoa rica, na opinião dele.

O que você acha, leitor? O que é uma pessoa rica? Qual é a linha que divide quem é pobre e quem é rico?

Lembro que lá em 2012, talvez 2013, li uma reportagem que o Governo Federal havia determinado que ricos no Brasil seriam os 10% que tivessem a maior renda familiar. E pelos cálculos do governo da época, este valor estava em cerca de R$ 3 mil. Isto mesmo: se juntar toda a renda sua, de seu cônjuge, e demais pessoas que residam com você, e isso der mais que R$ 3 mil mensais, você é rico. Parece absurdo, pois não é um valor que permite luxos, mas a explicação é a imensa massa de pessoas que ganham menos que isso (aqueles que Lula disse que tirou da miséria, lembra?).

Mas voltando ao meu filho, perguntei qual seria a coisa que ele mais gostaria de comprar hoje: um videogame “nintendo swicht” completo. Minha filha de 5 anos estava próxima e fiz a mesma pergunta: “uma boneca LOL série Glitter”. Vejam, o primeiro desejo custa em torno de R$ 2000, já o segundo, cerca de R$ 200 (produtos originais e comprados no Brasil, é claro).

Dai questionei meu filho: e se vocês dois recebessem apenas R$ 1000 por mês? Começamos então a matutar. Para o primeiro desejo, ele teria que ou juntar dinheiro, ou então parcelar a compra. De uma forma ou de outra, teria que deixar de gastar com outras coisas que lhe trariam diversão, para conseguir o valor do videogame. Depois de algum esforço de economia, ele teria algo que muitas outras crianças não teriam. Já minha filha poderia comprar a sua boneca, ficaria alegre, satisfeita, e ainda assim teria dinheiro para fazer outras coisas.

No primeiro caso, ele poderia juntar dinheiro e depois teria o brinquedo sem dívidas. Ou poderia financiar parcelado, e se tivesse problemas nas contas, logo não conseguiria pagar e aos poucos ficaria endividado.

Percebam que mesmo com renda igual, começou a se desenhar três possibilidades: o caso da minha filha, com a LOL, desenhei como uma situação normal, onde as necessidades dela são plenamente atendidas pelo que ganha. Já no caso dele podemos ter um acumulador de capital ou um acumulador de dívidas.

Se ele acumulasse capital, em algum tempo ele seria rico ou pobre em relação a minha filha? E se acumulasse dívidas?

Então a riqueza em si não é determinada pelo que você ganha, e sim pela forma que você administra e satisfaz seus desejos. Se todos ganhassem igual, em pouco tempo teríamos muitas pessoas endividadas, e em contrapartida, muitas pessoas que estariam acumulando dinheiro, pois conseguem refrear seus desejos, portanto, a tal “igualdade social” é um mito. Bonitinho, mas não funciona. Claro, aproveitei e expliquei a ele a vantagem de se ter uma poupança… mas isso é outra história.

De toda forma, acho ele entendeu bem a explicação, mas acho interessante que muitas pessoas adultas não conseguem entender conceitos tão básicos. Triste, mas realidade.

 

 

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