Cuidados com estereótipos

Tenho acompanhado a algum tempo algumas discussões sobre filosofias, pensamentos e ativismos. Acredito que já falei algo assim aqui, mas acho bastante interessante analisar as realidades e os estereótipos.

Uma destas que me chamou a atenção foi o tal feminismo. É que vi uma menção sobre uma pesquisa realizada a pouco tempo, medindo o apoio da população às ideias feministas. Não lembro exatamente os dados, mas o que marcou foi que o feminismo estava sendo mais aceito pelo público masculino que pelo feminino. A explicação para isso foi que um homem que não aceita este ideário é estereotipado como machista, retrógrado, e em alguns extremos, até estuprador. Já as mulheres feministas seriam estereotipadas como avessas a depilação, mal vestidas, sem higiene, escandalosas, e assim por diante. Percebam que o que teria influenciado o resultado da pesquisa não seria necessariamente a concordância ou não com algum tipo de ideia, e sim o receio de ser enquadrado em algum tipo de estereótipo, e independente de você concordar com o feminismo, deve concordar que é exagero pensar que todas as feministas tem as características acima – e muito provável se alguma tiver, será minoria. O mesmo vale para os homens que não concordam com o feminismo – não são necessariamente trogloditas.

E afinal, em pleno ano de 2019, não é nem coerente alguém querer ser contra a premissa básica do feminismo, que é a igualdade plena entre homens e mulheres. Não conheço uma única pessoa que seja contrária a esta ideia. O que se discute são as formas de acabar com a desigualdade, então na prática todos iniciam nas mesmas bases, divergindo no método.

Mas de toda maneira o objetivo aqui não é discutir o feminismo em si, e sim o dualismo entre o que a ideologia prega e o que é estereotipado pela sociedade. Tomei apenas como exemplo.

Podemos mostrar exemplos em várias outras situações. A algumas semanas citei um estereótipo muito difundido pela TV, principalmente nas novelas globais: o pobre limpinho e bonzinho e o rico malvadão e sem escrúpulos. Basta ter um mínimo de neurônios para perceber o erro disto.

Quer mais? Radicalismo evangélico, que é muito combatido pelo pessoal progressista, mas quando você vai analisar percebe que não é tão radical assim. Pessoas de pensamento conservador sendo pintadas como intolerantes, mas mais tolerantes que muitos de seus detratores. Tem ainda aqueles com forte crença religiosa, tido como anti racional ou anti científico (Santo Agostinho se revira no túmulo com isso).

Enfim, o que quero chamar a atenção é justamente para estes rótulos que estão tão na moda, e pedir que se procure entender primeiro a forma de pensar da pessoa, sem classificá-la em determinado padrão. Por mais que você discorde das ideias alheias, lembre-se que o outro tem seus motivos para acreditar naquilo que defende, e com um pouco de paciência é possível entender as suas motivações, e aí sim, se for possível, necessário e útil, mostrar-lhe seu erro – ou verificar que o errado é você mesmo.

É difícil? Bastante. Mas se não fizermos isso seremos cada vez mais um país dividido.

 

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