Jesus Cristo disse em relação ao sal insípido: “Ele para nada serve, a não ser que seja jogado fora para que seja pisado pelos homens”. Isso é a mesma coisa que dizer: Também não terão vida boa na terra, mas, serão, simplesmente, rejeitados por Cristo como gente que não Lhe pertence mais e que jamais serão os Seus pregadores nem pertencerão à cristandade. Serão lindamente expulsos e privados de toda comunhão no céu e com todos os santos, embora preservem o nome e sejam considerados grandes perante os seres humanos e sua honra e seu poder auto justificado, como os melhores pregadores e as pessoas mais santas na terra. Foi isso que ocorreu na época do apogeu da piedade e santidade auto justificada, quando em Igreja e Sociedade, se pregava e governava sem Palavra de Deus, embora, com a boca muito se dizia: Palavra de Deus, Palavra de Deus. Nesta época da história eclesiástica o mundo considerava o pregador que falava por sua própria inventiva como o melhor governo e mais santo culto possível da terra. Não obstante, tudo o que dizia e fazia para nada serviu senão para a sua própria auto promoção, à custa do ‘sangue e honra’ da gente pobre. E, isto porque não havia sal nenhum para que a pregação e a teologia fossem examinadas à Luz da Palavra de Deus de verdade. E, assim se pudesse denunciar e condenar tal pregação e teologia como própria santidade auto inventada. No entanto, o mundo inteiro aplaude e aprova ‘a gente de santidade auto justificada’. E, desse modo, a própria presunção e a falsa confiança são fortalecidas e a falsa confiança de que isso seria a verdadeira vida bem-aventurada e o estado santo, como o enalteciam e exaltavam tal gente de fé e teologia sem Palavra de Deus.
A fé, ensino, pregação e confissão das pessoas de santidade auto justificada não produziu bons frutos, embora tivesse uma aparência tão maravilhosa e bonita, que ninguém podia botar defeito. Ah, se possível fosse restabelecer a antiga situação de sal insípido e fazer uma reforma! Mas, ninguém, de consciência cativa à Palavra de Deus, podia, na época, falar uma palavra contrária ‘aos chefões’, sem logo ser considerado o pior herege que já existiu. Tamanha é a cegueira que advém, como fruto, do sal insípido e do pobre povo seduzido.
Isto é a primeira advertência contida nestas palavras: “Se o sal se tornar insípido, ele não tem mais valor”. A segunda é mais dura ainda, ao sentenciar que se deixem as pessoas pisar em cima dele e calcá-lo aos pés. Quando se foi o verdadeiro sal, isto é, a correta interpretação da Escritura, pela qual se deve denunciar o mundo inteiro, e nada mais permanece senão somente a fé em Cristo, tudo se acaba e tudo que ainda se ensina e denuncia de nada adianta. Porque tanto a doutrina quanto a vida, tanto o mestre quanto o discípulo já estão rejeitados e condenados perante Deus. Em suma: onde não se prega esse artigo de Cristo, de que somos justificados e salvos somente por Ele e que, além dEle, todas as coisas são condenáveis, não há mais como resistir e deter; não haverá medida nem fim de toda sorte de heresia e engano, de seitas e hordas, sendo que cada qual excogita e alardeia alguma peculiaridade própria. Isto já aconteceu e pode acontecer hoje como a história da igreja, desavergonhadamente. Na época qualquer coisa que uma pessoa tida por ‘santa’ ou ‘religiosa’ sonhasse tinha que ser levado ao púlpito e transformado em culto especial a Deus ou doutrina ou regra de fé e conduta. Nenhuma mentira foi tão escandalosa que não fosse aceita, desde que houvesse alguém que a anunciasse do púlpito, até que, por fim, chegou-se a um ponto de se ter perdido não somente a Cristo, mas, inclusive, a Deus, e as pessoas seduzidas quase não acreditavam mais em nenhum artigo de fé. Pois é!, mas quem denuncia, hoje, o sal insípido?