Derrubar o outro não te levanta

Vem fechamento, vai fechamento. Quarentena restritiva, regras sanitárias novas e o comerciante ainda não aprendeu que derrubar o outro não ajuda ninguém a levantar.

Essa afirmação veio de um leitor e comerciante que nos procurou para alertar quanto ao ressentimento existente na cidade sobre as normas impostas pela pandemia. Ele nos contou que foi denunciado algumas vezes por outros empresários ressentidos por não poderem trabalhar. O pior de tudo é que este veneno não é destinado a quem deveria, ou seja, aos que não respeitam as normas de prevenção, e sim a outro empresário que, como o denunciante, precisa do seu trabalho para viver.

Nos grupos de mensagens do comércio é comum ver os questionamentos infantis de diversos donos de loja, parecendo crianças dizendo prá mãe que o irmão pegou uma bala a mais que ele. Esses ressentidos acabam denunciando os ‘concorrentes’, fazendo com que o outro receba multas e possa até perder seu alvará. Essa denúncia pode até satisfazer o ego do denunciante, mas não ajuda a levantar o próprio negócio.

A infantilidade e falta de noção de alguns empresários nos surpreende, afinal, em teoria, são pessoas mais esclarecidas e empreendedoras, mas, no fim, todos somos crianças mimadas querendo chupeta.

Volto a afirmar que não existe nada de surpreendente nisso, afinal a humanidade é feita de pessoas e pessoas são isso mesmo, são mimadas, arrogantes, egoístas e ignorantes. Ser colaborativo, ajudar os outros e ter atitudes positivas demandam um esforço que a gente não é acostumado a gastar. É preciso gastar energia para se preocupar com os outros. É preciso tirar os olhos do próprio umbigo para ter compaixão com o próximo. É mais fácil criticar, cobrar e reclamar, deixando a solução para outras pessoas.

Comentaristas da nova era divulgaram aos quatro cantos no início da pandemia a mentira de que ‘seremos melhores depois disso’, acreditando numa epifania mundial em direção ao esclarecimento. Segundo os gurus, com esse isolamento e necessidade mútua de cuidados, teríamos subido um degrau na escada evolutiva e passaríamos por este período como novos humanos.  É óbvio que a humanidade evoluiu muito depois de grandes eventos mundiais, mas a evolução só é notada décadas depois do acontecido.

Para o momento, não somos melhores e nem piores, somos somente humanos.

Lembre-se que passar a rasteira no próximo não garante você em pé.

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Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com