E o caminho? Não tem mais importância?

Ah, esse mundo corrido, que não dá tempo de fazer nada, onde qualquer atalho para os objetivos é importante para ganharmos tempo. Precisamos de tempo para termos mais tempo de alcançar outros objetivos, e assim manter a satisfação pessoal e profissional.

Essa velocidade que nos auto-impomos é exagerada e um tanto quanto prejudicial. Afinal não estamos mais valorizando o caminho, o erro e acerto no tentar, a beleza do sacrifício e a imprescindível dedicação ao objetivo pretendido.

Construir uma casa compreende desde aplainar o terreno até colocar a última telha e a importância deste trabalho deve ser respeitada para valorizar o feito como um todo. Atalhos para a felicidade tiram o gosto da conquista do objetivo.

Quando não prestamos atenção aos degraus que temos que subir, somente sonhando com a vista lá de cima da escada, deixamos de ver as pessoas que estão no mesmo caminho, mais ou menos rápido, deixamos de ver a beleza parcial daqueles pequenos passos de vitória. Este texto parece um livro de auto-ajuda, mas nada mais é do que a verdade.

Vou tentar fazer uma metáfora culinária, mas será mais fácil ilustrar. Há algum tempo, quando você pensava em preparar uma refeição, um frango assado por exemplo, havia uma série de etapas a serem vencidas. Bem dantes tempo tínhamos até que matar e limpar o bicho, mas falemos de tempos mais atuais. Etapa um: Tirar o frango do congelador; Etapa 2: preparar um tempero que envolvia viagens até o quintal para colher especiarias; Etapa 3: Picar verduras e legumes para tempero; Etapa 4: Deixar a carne marinar no tempero durante um bom tempo para, por fim, colocar para assar a refeição. Pois bem, me deparei com um produto chamado “meu frango assado”, que vem com um saco de celofane e um pacotinho de tempero. O que é preciso para preparar meu frango hoje? Abrir o saco de celofane, jogar a carne dentro junto com o tempero, lacrar e levar ao forno. Nem descongelar precisa.

Onde está o problema com isso? Primeiro: o ato de cozinhar perde o sentido, pois não exige a mínima dedicação e carinho. Segundo: Aquele tempo de preparo e refeição era usado para socializar e, principalmente, colaborar entre si, um corta a cebola, outro pica o tomate e assim por diante. No fim o que resta? Uma galera esfomeada com um frango temperado artificialmente e cada um correndo para resolver os seus pequenos-grandes problemas.

A velocidade da informação e a quantidade de ofertas de felicidade à nossa disposição na tela do celular podem acabar frustrando muito mais do que satisfazendo. Afinal, é como ter o mundo na palma das suas mãos, mas não poder sair do sofá por preguiça ou falta de recursos.

Temos que voltar a erguer a vista e olhar no entorno. De uns tempos prá cá parece que todo mundo tem alguma coisa mais importante a fazer naquela pequena caixinha que cabe na mão do que na vida real, no real relacionamento e, principalmente em ações concretas.

Pense nisso: A Internet aproxima os que estão distantes e afasta os que estão próximos. Lourenço Neto não errou ao afirmar isso. Valorize o seu entorno, dê graças por tropeçar, abrace seus entes queridos e viva o mundo presente.

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Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com