Resolvi analisar alguns pré-candidatos e partidos que devem estar no cenário eleitoral deste ano. Algumas características importantes de nossas eleições fazem com que o cenário seja realmente bastante turvo, de momento: tradicionalmente, quem ganha eleições são os partidos com maior verba e maior tempo de campanha. Só que este ano estamos tendo o efeito das redes sociais e da migração dos votos que seriam do Lula.
Na semana passada, analisei uma pesquisa que colocava Bolsonaro em primeiro, e Marina Silva em segundo. O primeiro está embalado em um discurso contra o politicamente correto e em sua personalidade no mínimo pitoresca, que atrai muitas pessoas (e assusta outras). Outro fato que pode pesar a favor dele é que suas propostas são apoiadas por uma parcela grande da população. Exemplos são a liberação de porte de armas para cidadãos de bem e a castração química de estupradores que quiserem progredir para regime aberto de prisão. Também já existe uma militância em torno do candidato que – pelo menos por enquanto – promete fazer campanha de graça, sem cobrar nada. Mas o que pode inviabilizar a candidatura é justamente o tempo de TV, que sempre foi importante, mas como falamos, pode ser substituído pelo impacto das redes sociais. O temperamento do candidato também não ajuda muito.
Marina Silva tem também uma certa militância, em sua maioria de ex petistas desiludidos com os rumos que o PT tomava, ainda antes do mensalão. O discurso da candidata é do tipo “não vamos para direita nem esquerda, muito pelo contrário” … ou seja, para muitos é uma candidata “em cima do muro”, e para muitos outros, devido a sua origem, é uma cria “ecológica” do PT – o que pode aumentar seus votos com a debandada dos votos do Lula, ou também sua rejeição. Não tem a vantagem de ser bem aceita nas redes sociais, e terá também muito pouco tempo de TV, então poucos acreditam – neste momento – que poderá se eleger, mas terá boa votação.
Os grandes partidos – PT, PSDB e PMDB, que realmente dominam o tempo de TV e tem muito dinheiro em caixa, estão cada um com problemas mais cabeludos que o outro. O PT está adiando o anúncio de um candidato, não se sabe se por estratégia ou ilusão, alegando que Lula ainda será candidato. Aparentemente, alguns petistas realmente acreditam em perseguição política, e temem lançar um candidato agora e o mesmo ser surpreendido com alguma investigação criminal. Quem deve teme, não é? Mas o fato de lançar candidato tarde demais nas ultimas eleições sempre foi prejudicial, ainda mais se for um candidato desconhecido. Esperar para ver.
No PSDB, Alckmin entusiasma bem pouco, e só por muita sorte conseguirá chegar ao segundo turno. Mas como já falado, tem muito tempo de TV e muito dinheiro para gastar. Então, assim como algum possível candidato petista, também tem chance de chegar.
O PMDB cumpre um difícil desafio. Ainda não se definiu candidato, mas quem quer que seja, terá que defender o governo Temer… bem provável que nem mesmo a TV e a verba partidária milionária ajudem.
Novidades mesmo são o possível candidato Joaquim Barbosa, que nem se dispôs a concorrer oficialmente e já sofre com vinculações de seu nome ao presidiário Lula, mas também é muito bem aceito por parte da população. Temos também como novidade os candidatos João Amoedo, do Partido NOVO, e também Flávio Rocha, do PRB, ambos com abordagens políticas bastante diferentes das tradicionais, como o povo afirma desejar, mas que ainda patinam nos 1% de preferência, cada um. De toda forma, este ano acho que as eleições serão mais divertidas que a Copa do Mundo.