Circula nos mais diversos círculos virtuais a crença de que uma pessoa muito maquiada pode ser considerada como ‘propaganda enganosa’, afinal utilizando toda uma gama de produtos e acessórios existentes a determinada pessoa pode se transformar, aumentar o que é pequeno, diminuir o que é exagerado, criar e remoldar também sua face usando técnicas e produtos de última geração.
Pode parecer machista a afirmação anterior, mas é fato que isso ocorre também com os homens quando usam roupas de exaltem determinadas características físicas, produtos que escondam a calvície ou também produtos faciais que escondam defeitos, os quais todos temos.
É natural de todo o ser humano gostar de parecer bem e buscar condições para que isso ocorra, por isso o mercado cosmético é um dos que mais crescem no mundo, aliado ao mercado dos procedimentos estéticos, sejam eles cirúrgicos ou paliativos.
A maquiagem é uma coisa comum em nossa vida. Mas o uso deste artifício quando se trata de dinheiro público é uma coisa que, no mínimo, revolta e acaba trazendo indignação.
Os casos concretos que estamos citando são a ‘reforma emergencial’ do telhado do Pantheon dos Heroes e também a pintura da fachada do Hospital Hipólito. Estas duas ações estão sendo realizadas a título de embelezamento pontual dos locais para evitar comentários.
É o mesmo caso daquele adolescente que mascara uma espinha para não ficar exposto a comentários na baladinha, passa uma base e um produtinho e vai prá festa e ninguém presta atenção ao pequeno abcesso no rosto da pessoa. A maquiagem aplicada aos monumentos históricos é semelhante.
No caso do Hospital Hipólito a obra será realizada com recursos estaduais e é bem vinda, afinal o prédio é cedido pela família para utilização exclusiva em áreas de saúde e até o presente momento não se tem um plano definitivo. Inclusive o próprio prédio não é local de visitação, portanto a maquiagem externa atende muito bem as expectativas.
O que não atende as expectativas é a maquiagem realizada no Pantheon dos Heroes, local onde estão sepultados os inúmeros heróis do Cerco da Lapa e palco anual da comemoração do 9 de fevereiro unindo autoridades civis e militares. Além de ser palco do evento de grande importância, o Pantheon é local de visitação contínua de turistas e escolares, estando localizado em frente à Casa Lacerda, outro patrimônio histórico nostálgico que sempre é visitado pela sua beleza e conservação.
Com a ‘obra emergencial’ realizada na semana que passou o pantheon ficou, no mínimo ‘abrível’, ou melhor, em condições de ter seus tapumes retirados para a realização do evento. A grande verdade é que o Exército se movimentou para resolver o problema e vai entregar ao município durante o evento um projeto técnico a ser utilizado para a reforma. Se não houvesse a iniciativa militar, possivelmente a solenidade deveria ser realizada com os tapumes fechados.
Outro caso de ‘maquiagem’ é a recente proposta do executivo municipal de isentar o pedágio. O prefeito enviou um projeto de Lei à Câmara para isentar os cidadãos do entorno da praça de cobrança, mas com isso passou a responsabilidade de seus atos para os vereadores, que aprovarão a matéria se ela for constitucional, mas se não for quem sai por mal são os legisladores.
Enfim, maquiagem é propaganda enganosa. Se notarmos bem, não é só neste caso que a maquiagem é utilizada neste período de administração, com a utilização bem pontual de inúmeros recursos virtuais e palavras bonitas, mas com poucas ações e concretizações.
