Não é bem por aí…

Vou contar uma historinha aqui. Imaginem um casal que estava atravessando um período muito próspero de sua vida, e ganhavam muito bem. Muito bem mesmo. Digamos que neste período tinham uma renda conjunta mensal de mais de quarenta mil reais, ou se preferirem, algo em torno de quinhentos mil anuais.

Lá pelas o filho junta seus pais e informa que precisa investir em sua educação, e que pretende comprar livros para ter uma melhor formação. Ok, os pais concordam, e liberam uma verba de mil reais para compra de livros. Convenhamos, é uma verba generosa, mas comparado com a renda familiar anual, não é quase nada.

O filho pega o dinheiro e sai para comprar os tais livros e retorna algum tempo depois. Os pais, preocupados com o sumiço do filho, questionam o que aconteceu, e claro, pedem os comprovantes da compra dos livros.

Recebem vários recibos. O filho comprova que comprou livros, comeu, bebeu, fez cursos, visitou exposições de arte, enfim, fez várias coisas com o dinheiro que era para comprar livros. Claro que como o objetivo inicial era melhorar a instrução do filho, tudo acabou tendo justificativa – algumas até fracas, mas ainda assim, são válidas. Mas existem dois problemas: em livros mesmo, foram gastos apenas quatrocentos reais, e a soma de todos os recibos apresentados chega no máximo em setecentos reais. Isto mesmo: dos mil reais iniciais, trezentos desapareceram, sem explicação.

Os pais verificam as redes sociais do filho e percebem que surgiram várias fotos de festas e noitadas. Mas como é um filho muito querido, e dinheiro não é problema no momento para o casal, deixam passar.

O tempo passa, e a situação financeira do casal muda drasticamente, até mesmo por uma questão de incompetência financeira. No ano seguinte, não ganham nada bem. Ao contrário: acumulam dívidas até no cartão de crédito, não fizeram reservas nem investimentos sérios, e correm o risco de não ter como pagar os compromissos mais básicos, como as compras de alimentação.

O filho novamente retorna a pedir “investimento em educação”, e quer comprar novos livros. Os pais verificam os recibos do ano anterior, e buscam ver quais os livros foram efetivamente comprados. Mas antes de liberar o dinheiro (aqueles quatrocentos reais, lembra?), resolvem pesquisar na internet quanto custaria comprar diretamente, sem passar o dinheiro na mão do filho. Descobrem que com apenas cento e cinquenta reais comprariam os mesmos livros.

Mas, novamente, mesmo em situação financeira lastimável, chegam a conclusão que o filho merece todo o investimento possível, e num esforço danado, tirando verba de outros locais, ainda conseguem juntar setecentos reais para fornecer ao filho. Legal, né?

Mas dai o filho faz todo um protesto pois cortaram 30% da sua verba de educação, e ameaça parar de estudar por conta disso. Você deve estar pensando no absurdo da história, não é? Principalmente no absurdo do comportamento do filho e na conivência paterna.

Pois é. É basicamente isto que estamos vendo. O Governo Federal (os pais), tendo que lidar com um filho (as universidades), que queria comprar livros (formar alunos), mas que gasta boa parte do orçamento com outras atividades até justificáveis (pesquisa, hospitais, etc), mas que mesmo assim não comprova onde gasta 30% de seu orçamento, e ainda aparece em festas e noitadas (“projetos” universitários sem nenhuma justificativa de existir). Pior, se procurar os livros na internet (um paralelo ao custo da formação no ensino superior particular), verá que o filho (universidades públicas) gasta muito mais para ter os mesmos livros.

Os valores que citei aqui foram totalmente extrapolados, mas os fatos estão corretos. E agora as universidades querem parar, por falta de recursos, pois estão sendo “estranguladas”. Eu acho que não é bem por ai… mas e o leitor, o que pensa?

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